
O futuro presidente dos EUA continua ameaçando o mundo com tarifas que, segundo ele, poderiam reequilibrar as relações econômicas entre os países.
Essa ideia, na escala anunciada, não apenas sepulta de vez o ideal liberal de livre comércio, como também desfaz décadas de decisões econômicas baseadas na globalização, que no Brasil foram aplaudidas com entusiasmo até recentemente. Curiosamente, essa guinada não mereceu comentários críticos dos seus defensores de outrora. Pelo contrário, é tratada como mais uma decisão “corajosa” ou, no máximo, um “exagero”. Raramente é vista como um contraponto dramático às políticas econômicas adotadas pelos grandes países durante décadas. Sabemos que os maiores beneficiados pela globalização foram os países asiáticos, que assumiram a produção industrial abandonada pelos países ricos em busca de maiores lucros, enquanto estes preferiram concentrar-se nos serviços e nos lucros financeiros. Contudo, com o crescimento exponencial da China, os ricos perceberam que a globalização que pregavam não era tão vantajosa assim.
No Brasil, junto com a crise da globalização, morrem seu partido e seus defensores: o PSDB de FHC.
Nos EUA, a morte da globalização será dramática. A economia norte-americana é o maior mercado consumidor do mundo, e tarifas, se efetivadas, provocarão inflação, o que não parece ser uma consequência desejada.
A defesa do dólar, acompanhada pela ameaça de tarifas de 100% sobre produtos dos BRICS, provavelmente não impactará duramente o Brasil. Nossa economia externa é diversificada e, de forma geral, somos mais concorrentes em produtos primários com os EUA do que diretamente afetados. A China, por outro lado, parece ser a maior prejudicada, caso essas ameaças se concretizem.
Na direção oposta, o Brasil e a Europa avançam para concluir seu acordo comercial, os BRICS aprofundam suas interdependências, e até o Reino Unido começa a questionar seriamente o Brexit, que alienou perigosamente sua economia do resto da Europa. Ou seja, enquanto Trump faz ameaças de isolamento, ninguém parece seguir essa direção. Ainda assim, é evidente que a globalização como proposta está enterrada, enquanto uma valorização dos mercados e produções internas ganha força. Simultaneamente, a disputa comercial internacional se intensifica. Retirar-se de mercados consumidores sem oferecer nada em troca não parece uma decisão viável, mesmo para um administrador imprudente e irresponsável como Trump.
Por fim, vale observar que as escolhas para os secretários de governo nos EUA parecem alinhadas ao fracassado governo de Macri na Argentina. Bilionários, banqueiros e grandes empresários estão sendo nomeados para administrar, enquanto, para piorar, no caso dos EUA, há também personalidades midiáticas e controversas, sem experiência ou disposição para aprender. Prever o desastre da administração Trump não é difícil. E isso não é má vontade: basta nomear uma equipe de incompetentes e aguardar os resultados. Se a Argentina serve como exemplo, imagine o estrago no mundo.
Serão tempos agitados, mas acredito que o Brasil se sairá bem.
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