
A reunião dos BRICS, que termina hoje, começou com o encontro público entre o presidente russo, Vladimir Putin, e a presidente do Banco dos BRICS, Dilma Rousseff. A sinalização foi claríssima, e os elogios foram muito além dos protocolos na sequência, com declarações de apoio à continuidade de Dilma à frente da instituição com um renovado mandato — o atual vence em abril de 2025. Isso não deixa dúvidas sobre as intenções do anfitrião da atual rodada do encontro deste grupo de países, cada vez mais relevante.
Embora claras, essas intenções atendem a múltiplos interesses. O primeiro é coroar o trabalho de Dilma, agradar o presidente Lula, que ainda está um pouco distante do grupo, e preservar a atual direção do banco, que busca implantar um novo canal de pagamentos entre os países sem o uso do dólar. Além disso, é importante assegurar a continuidade dos crescentes financiamentos do banco e, quem sabe, superar as severas restrições impostas pelos bloqueios dos EUA ao acesso da Rússia a crédito mundial.
Ouvi dizer que Dilma não tem interesse em continuar, preferindo passar seus próximos anos no Brasil, mais próxima da família. Dilma tem 75 anos e pode escolher seu caminho, mas também pode acabar aceitando um novo mandato. Veremos.
A entrada de 13 novos membros está encaminhada, dependendo de reuniões e acordos futuros que estão em andamento.
A Venezuela ficou de fora, por enquanto, assim como a Nicarágua. A ambos são atribuídos vetos do Brasil, embora não explícitos. Isso confirma a nova postura da política externa brasileira, muito, mas muito mais pragmática e pró-Ocidente.
Essa escolha externa acompanha, a meu ver, o cenário interno, com o atual governo cada vez mais social-democrata e menos à esquerda. Lula parece estar conduzindo uma transição que considero inevitável para o futuro do PT, dada a ausência de seu grande líder.
Sim, isso é um tema para outra ocasião, mas o bloco está em movimento.
Quanto ao pragmatismo que envolve a atual relação com os EUA, muito amistosa, essa relação depende da eleição americana e de como o futuro presidente dos EUA enxergará o Brasil. As opções, que atualmente parecem distintas, podem não ser tão diferentes depois de resolvido o pleito. Isso depende deles e de nós. Vejo Lula se acomodando para enfrentar qualquer resultado que venha do norte. Nenhuma aresta, nenhum conflito, tudo em paz e diálogo, até acima da média histórica. Há um enorme cuidado entre as duas partes, vale notar. Que continue assim, apesar do risco de um governo Trump. Difícil? Pode até ser, mas não impossível.
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