
Estamos falando da surpresa com a presença do presidente Nicolás Maduro na reunião dos BRICS, que acontece na Rússia. Nosso presidente não pôde comparecer presencialmente e combinou com seus pares de participar por videoconferência da reunião principal, agendada para a madrugada no Brasil – o que provocou alegria em Putin – momento em que serão decididos os países que vão ingressar no grupo, mesmo que a partir de agora com um status reduzido em relação aos atuais membros.
Na lista dos 13 novos países membros, entraram Cuba e Colômbia, enquanto Venezuela e Nicaragua ficaram de fora. Isso não foi por acaso, já que foram bloqueadas pela diplomacia brasileira, que a princípio não o fazia de forma explícita.
Sobre as novas atitudes do governo brasileiro em relação a antigos parceiros do continente, como Venezuela e Nicaragua, a mudança tem sido notável, e a especulação sobre os motivos começa a provocar na mídia mundial tentativas de explicação, que, a meu ver, ainda não obtiveram sucesso.
Até porque, internamente, pouco se tem falado sobre o tema, enquanto a mudança de atitude vai ficando cada vez mais explícita, culminando com a retirada do embaixador brasileiro da Nicaragua e o não reconhecimento do resultado eleitoral na Venezuela. Os motivos ainda não estão totalmente compreendidos nem aqui e muito menos no exterior.
No entanto, começa a se delinear uma visão pragmática das relações bilaterais brasileiras, com maior proximidade dos EUA. É preciso reconhecer a mudança , ao menos nos EUA de Biden e Kamala, que com Trump, se for o caso no futuro, a situação me parece ainda mais incerta.
O que mudou para o Lula atual em relação aos EUA, sem dúvida, foi a atitude proativa de Biden no enfrentamento das ameaças golpistas do bolsonarismo civil e militar, com os EUA fazendo nossas Forças Armadas recuarem dos riscos de uma aventura. Mesmo sem sabermos os detalhes, o reconhecimento imediato da vitória de Lula pelos EUA de Biden sem dúvida desestimulou qualquer tentativa de golpe e botou os militares na defensiva. No mínimo.
O quanto isso afeta as decisões atuais do presidente Lula? Os fatos relacionados aos acontecimentos na Venezuela e Nicaragua e a reação inédita do Brasil falam por si, embora ainda não tenhamos total conhecimento dos fundamentos dessa nova posição e do que ela pode significar para o futuro.
Enquanto ainda tateamos , Maduro resolveu aparecer na reunião dos BRICS na Rússia, onde parecia certo o ingresso da Venezuela no grupo, algo que ele anunciou várias vezes e que, sem dúvida, tiraria seu país do isolamento decorrente da falta de reconhecimento de sua vitória eleitoral.
Com a ausência de Lula, é difícil não imaginar que a presença de Maduro tenha sido combinada com o anfitrião da vez, a Rússia de Putin, o que nos faz pensar sobre o que estão tentando. Seria uma jogada para forçar o ingresso da Venezuela nos BRICS? Uma tentativa de abrir diálogo? Uma compensação para Maduro, em vista do duro revés proporcionado pelo Brasil? Ainda não sabemos. O que é razoável imaginar é que Maduro não deve sair de mãos abanando; no mínimo, ele conseguirá as fotos que tanto precisa para exibir ao seu público interno.
O encontro dos BRICS vai até quinta-feira e vamos aguardar mais acontecimentos.
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