Ajustes, sempre os ajustes.

Os dados para a avaliação dos cenários chegam primeiro ao governo, certo, para que ele faça seus cálculos econômicos e políticos. Exatamente como a Prefeitura de São Paulo deveria fazer: manter a poda das árvores em dia, atender aos chamados dos moradores e, assim, evitar quedas em série, com as consequências que vemos atualmente. A condução econômica — e política — é semelhante; ao conhecer a realidade das contas e os compromissos futuros, ajustes são sempre necessários, embora nem sempre bem-vindos.

É curioso que a discussão sobre corte no orçamento aconteça entre turnos eleitorais, com disputas apertadas ainda indefinidas. Talvez alguém tenha certeza de que as decisões nacionais influenciam pouco as eleições municipais, mas isso ainda surpreende. De qualquer forma, o debate está em andamento, a lista de ajustes está sendo preparada e não deve ser divulgada antes do segundo turno. Porém, ninguém será pego desprevenido. Os números são altos: cortes de 50 bilhões para cumprir o arcabouço fiscal. Lembrando que, em caso de descumprimento neste ano, o próximo será prejudicado. E talvez esse seja o cálculo, já que o crescimento de 2024 está assegurado, próximo de 3,5% do PIB. O ideal é pensar no futuro, mantendo o nível, corrigindo onde e quando for possível, sacrificando o mínimo necessário.

Não devemos duvidar das intenções, mas é preocupante saber da necessidade de ajustes. Onde o “facão” vai atuar? A margem de manobra é sempre limitada, e os mais fracos costumam pagar mais.

E onde a situação está realmente fora de controle: os juros do Banco Central, ainda com influência do bolsonarismo, continuam atuando contra nós. Felizmente, uma solução já está programada para janeiro. Depois disso, veremos para onde seguimos.

Por um lado, as desconfianças são grandes quanto à capacidade de derrubar as maiores taxas de juros do mundo e de interromper a transferência de 800 bilhões para os bolsos dos ricos e especuladores, a maioria deles parasitas. Essa questão também está em pauta, e até a ideia, aventada no início do atual governo e depois descartada, de aumentar a meta de inflação de 3% para 4%, voltou a ser discutida. Já concordei com esse aumento no passado e reforço meu apoio. Sim, é possível que a indexação de custos aumente ao acompanhar uma meta mais ampla, mas aposto na economia de bilhões, pois, assim, abrimos espaço para uma queda significativa da Selic, o que compensaria o risco. Há grandes nomes defendendo a ideia, e desta vez eu apenas acompanho.

Então, aguardemos o anúncio do ajuste. Ninguém vai gostar, mas devemos lembrar que 2024 já está praticamente ganho, e os olhos estão voltados para 2025 e, principalmente, 2026.

Atualização : saiu agora IGPM-10 e IPC, ambos altos. Mais um incentivo para “agir”.

OBS.: Não deixe de comentar e curtir os posts, se for o caso.

Não esqueça de divulgar, se lhe convém.

E apoiar, se puder: PIX 30454964/0001-70


Deixe um comentário