
O que seria uma coisa óbvia e direta – buscar na omissão da prefeitura as falhas de cobrança e a falta de uma rotina eficaz no trato com o distribuidor de energia na maior capital do Brasil – se transformou em um exercício de yoga, daqueles bem avançados, onde o mestre atinge um nível de contorcionismo circense. Com a ajuda do TCU e do ministro Nardes, foi possível incluir o Ministério de Minas e Energia, a ANEEL (essa sim) e, indiretamente, o governo federal no rol dos culpados . Só faltou incluir o Lula.
Nardes é uma figura carimbada, mas mostrou uma ousadia extrema ao proteger o atual prefeito na véspera do segundo turno. Ele foi figura central na avaliação das manobras contábeis do governo Dilma, que chamou de pedaladas, e que resultaram no que todos vimos. Aguardamos uma resposta urgente do ministro, no mínimo, ‘desancando’ esse operador da direita, incumbido de ocultar os responsáveis e evitar danos eleitorais, talvez já impossíveis a essa altura. Não sei se suficientes para derrubar o atual prefeito, como os galhos da cidade foram derrubados, mas certamente haverá uma rachadura, diminuindo a enorme vantagem sobre o oponente Guilherme Boulos. Daí a urgência da correria e a insensatez das falas de Nunes.
O modelo tarifário nacional foi feito para proteger os interesses privados e garantir segurança para o investidor que compra estatais, como é o caso de São Paulo neste exato momento. A distribuidora compra a energia a preço fixo, sem produzi-la, sendo apenas intermediária. A tarifa é fixa na compra e a tarifa ao consumidor é altamente controlada, o que sobra para aumentar os lucros é a redução da mão de obra e a limitação da manutenção. Com isso, os lucros são turbinados, enquanto a cidade fica à mercê de qualquer evento. No caso, uma ventania que derrubou árvores sem poda, galhos sem poda, equipamentos sem manutenção e trocas programadas. O desastre não foi por acaso.
Enfim, o que Nardes tenta fazer é ocultar responsabilidade pelas nomeações na agência reguladora ANEEL, todas feitas no desgoverno anterior. E ele vai além, tentando responsabilizar a privatização, contra a qual o governo anterior sempre se posicionou, sobretudo em relação à água e à energia elétrica. Ele inova espetacularmente ao tentar isentar o município e seu prefeito da responsabilidade direta e intransferível de cuidar bem dos interesses básicos da população na cidade. Fornecimento de energia e água, recentemente privatizada, não interessam às pessoas que vivem em São Paulo? Elas podem viver sem esses serviços? O atual prefeito teria coragem de perguntar aos moradores da sua cidade o que eles estão achando do ocorrido?
Quanto a Nardes, suas atitudes não são de hoje. Além de ter sido filiado, no passado, ao partido da ditadura, a Arena, ele tem um mandato fixo e irremovível. No entanto, passar por mais essa situação sem uma resposta contundente e definitiva do governo é inadmissível.
Por fim, a informação de que a poda é responsabilidade da prefeitura, que, além de realizar o serviço para outras finalidades, é quem indica à distribuidora de energia os locais onde o serviço é requisitado pelos moradores do município. Na imagem que ilustra o post, em vermelho, estão os locais onde a poda solicitada não foi realizada. Observe que, nas regiões periféricas de São Paulo, onde a ventania causou mais estragos, a falta de energia ainda não foi resolvida, passadas mais de 74 horas do evento. Não por acaso.
Ficamos no aguardo da resposta do governo ao Nardes e do povo de São Paulo ao prefeito Nunes. Enquanto isso, nossa gloriosa imprensa cobre reuniões entre o governador e o prefeito de São Paulo, indignados, na companhia do indefectível Nardes,
É isso. Cai quem quer.
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