Prévia eleitoral.

Neste imenso país, é difícil, senão impossível, prever resultados eleitorais antecipados, sobretudo em 5.569 municípios.

O que temos afirmado é que, de maneira geral, a expectativa do campo progressista é recuperar o terreno perdido para a extrema-direita, não obter hegemonia.

Até aqui, podemos arriscar prever um relativo sucesso nessa empreitada, com a extrema-direita ou dividida, ou mesmo derrotada nos principais confrontos.

É certo que a direita tradicional pode até recuperar mais espaço, reproduzindo a divisão anterior ao golpe que derrubou Dilma. Repare como esse evento é um divisor de águas, como ainda estamos vivendo um pós-golpe e tentando retroceder ao período anterior. Em todos os aspectos, insisto, nos índices econômicos, a referência nunca é o período de 2014 até 2023/2024. Foram dez anos de retrocessos, estatisticamente perdidos. Somente daqui em diante, retomando as políticas vigentes daquela época, vamos recuperar empregos, renda, inclusão social e crescimento econômico, após uma década perdida.

Na política, segue a mesma lógica: a tendência de recuperação gradativa do espaço pelos progressivos e o recuo da extrema-direita.

Ela (a extrema-direita) não deixa de existir porque nunca deixou de existir, apenas estava acuada, rosnando. Encontrou força e espaço para retornar com o desatino do golpe que derrubou Dilma e com a nova força das mídias sociais, capazes de fomentar o ódio e os medos que alimentam esse tipo de política. Ainda estamos aprendendo a lidar com essa terrível novidade.

De certo modo, o desgaste do ex-mito e o cansaço das pautas extremistas estão deixando estas eleições municipais com mais cara de eleições municipais, quando as discussões giram em torno das realidades locais, com as grandes questões nacionais em segundo plano. Isso não é ruim, perceba. É importante saber lidar com a vida real das pessoas em suas localidades. Confundir grandes questões nacionais com coleta de lixo, asfalto nas ruas, iluminação e segurança nos bairros não costuma resultar em algo positivo. E isso vale para todos os lados.

Claro que tudo entra no debate, mas alguns temas e nomes permanecem específicos e assim devem continuar.

O resultado geral teremos na próxima semana, e poderemos avaliar melhor os cenários, mas sem cair na velha armadilha de misturar, sem maiores cuidados, os resultados eleitorais municipais com projeções para o cenário nacional. Costuma ser uma colcha de retalhos indecifrável, e agora provavelmente será o mesmo.

E, também, isso é um sinal de melhora: sem hospitais para invadir, sem novas bandeiras de escandalosa repercussão e com um discurso já desgastado, a extrema-direita deve ganhar espaço em pequenas localidades, mas perder nas grandes.

Sim, o centro deve sair vencedor.


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