O nível dos debates entre os candidatos à prefeitura de São Paulo tem declinado desde o primeiro, atingindo ontem um ponto que exige reflexão.
A presença do “Coach da Lama” nunca pareceu visar a vitória. Ele sempre aparentou ter outros objetivos, com alguns sugerindo que almeja a presidência em 2026, substituindo o titular do fascismo nacional, que será impedido de seguir na carreira pela ação da justiça eleitoral. E ainda há inúmeros outros processos penais contra ele que inexplicavelmente ficaram para depois das eleições.
Enquanto a imprensa prossegue na tarefa de normalizar a presença de fascistas violentos nas discussões políticas públicas, sem obrigação legal para isso, lembremos que o candidato em questão não se intimida e espalha sua lama para todos os lados, sem poupar nada nem ninguém. Sobretudo, ataca ideias, projetos e o próprio objetivo do debate, perdido em meio a xingamentos, violência e baixaria extremas. Talvez a busca por audiência e espetáculo oriente alguns pensamentos, o que não é propriamente um erro. No entanto, incluir a violência no debate é um erro inaceitável e deve ser evitado nos próximos encontros.
Sem tempo de TV, com suas redes bloqueadas pela justiça eleitoral e ignorado pelos concorrentes após agressões gratuitas e constantes, restou ao “Lamaçal” apelar de vez, ultrapassando regras que ele nunca escondeu desprezar.
Brigas e socos não deveriam surpreender, e foi isso que encerrou o triste espetáculo de ontem, com agressões entre assessores dos candidatos de direita.
Dizem que as atitudes do extremista favorecem Nunes, pois, em comparação com o delinquente, sua posição ideológica de direita parece mais moderada. Não sei dizer se isso é verdade, mas o fato é que Nunes está recuperando o espaço perdido justamente para o extremista, que agora parece definhar e ficar de fora do segundo turno.
Em termos numéricos, para Boulos, a disputa com o “Lamaçal” seria mais favorável, com pesquisas mostrando vitória no segundo turno. O mesmo não ocorre no confronto com o atual prefeito Nunes, onde Boulos perde por larga vantagem no segundo turno. O que realmente preocupa é a presença do “Lamaçal” na disputa, degradando a política nacional em sua maior e mais rica metrópole, sinalizando os tempos obscuros, iniciados com o golpe contra Dilma e a sequência tenebrosa de Temer e Bolsonaro.
O Estadão de hoje prevê uma derrota acachapante do PT e de Lula nas municipais, mostrando mais uma vez o motivo pelo qual suas previsões e compreensão do Brasil são tão equivocadas. PT e Lula não estão disputando estas municipais para vencer a todo custo, mas para derrotar o fascismo, com alianças e apoios variados, devolvendo a política a um caminho mais saudável. O objetivo é afastar o extremismo do tipo “Lamaçal” e Bolsonaro, devolver um mínimo de civilidade, e sim, pavimentar o caminho para 2026, quando Lula disputará e vencerá sua última eleição.