
De fato, o microfone do presidente Lula foi cortado durante sua fala na ONU, onde ele esteve para defender e assinar o compromisso com o futuro. O nome escolhido sinaliza uma série de ideias sobre como o mundo deveria se comportar e como as políticas nacionais deveriam ser incorporadas no que diz respeito ao combate à fome, preservação do meio ambiente e até cuidados com as mentiras e ataques contra a democracia, frequentemente apoiados por grandes empresas da internet.
O que faltou explicar ao distinto público é que o tempo disponibilizado para todos os oradores do evento foi de cinco minutos, exatamente o tempo em que o microfone de Lula permaneceu ligado. Mas, quem conhece Lula sabe que, apesar de respeitar convenções, ele não conseguiu – ou não quis – limitar-se aos parcos cinco minutos e completou seu breve discurso logo em seguida, não sem antes concluir seu raciocínio e dar seus recados. Por sinal, bem aceitos, como já estamos acostumados.
O documento não foi assinado pela Rússia, por motivos que não foram bem explicados – ou que, ao menos, eu não entendi. Mas o aceite dos termos do acordo foi praticamente unânime.
Sabemos que os acordos na ONU costumam ter boa repercussão, mas uma aplicação efetiva limitada. Este provavelmente não será diferente.
Lembrei-me da presença do ex-presidente em uma ocasião semelhante, no contexto das queimadas que atingiam o Brasil inteiro, com fumaça cobrindo estados e cidades. O ex-presidente teve a audácia de culpar os indígenas e pequenos proprietários de terras pelos incêndios. Nem é preciso destacar o alívio que sentimos ao nos livrarmos desse traste, e, de certa forma, o mundo parece compartilhar esse sentimento.
Quanto ao microfone cortado, vi muitas discussões sobre isso, sem distinção de credo ou corrente política. Penso que entender os fatos com mais clareza pode nos ajudar a enfrentar as dificuldades do mundo e aqueles que tentam nos manipular.
Ouvi pouco sobre as queimadas no Brasil por parte dos participantes do encontro da ONU, nem houve cobrança internacional ao nosso presidente. A questão parece mais interna, e a oposição, que antes negava vacinas e atribuía os incêndios aos indígenas, agora cobra e responsabiliza o atual governo. De fato, é um problema grave e de difícil solução, se é que ela existe. Mas, honestamente, prefiro uma oposição cobrando esse tipo de coisa do que negando vacinas, invadindo hospitais ou atribuindo incêndios às vítimas.