Pressão Fiscal no Câmbio.

É preciso reconhecer a capacidade ilimitada dos agentes financeiros no Brasil de inventar motivos para justificar os mais altos juros do mundo, mesmo diante da deflação registrada em agosto e de um cenário contábil federal cada vez mais próximo dos objetivos.

Falar em “pressão fiscal no câmbio” — uma expressão novíssima — em um contexto de cumprimento de metas orçamentárias anunciadas há mais de um ano, após intensos debates, e com um déficit irrisório de 0,25% do PIB, demonstra o empenho de certos interesses financeiros e o desprezo pela inteligência nacional. Sem mencionar que os bancos centrais das principais economias mundiais estão anunciando, para as próximas semanas, quedas expressivas em suas taxas de juros, buscando pousos suaves para a economia, sem sobressaltos, sem recessão e sem deflação. E sem pressionar o câmbio.

A deflação que nos atingiu, embora sem histórico de definir tendências, é um sinal preocupante para a dinâmica da atividade econômica. O mínimo que se esperaria do nosso Banco Central seria prudência, e jamais mais anúncios de juros ainda mais altos na reunião desta semana.

Dois aspectos são negativos:

O primeiro é o nível raso do atual colegiado do Copom, dominado pelo bolsonarismo do presidente e dos diretores, que ainda estão na missão de boicotar o crescimento do Brasil e encher o bolso dos especuladores e bancos.

O segundo é o efeito nulo da antecipação do nome de Galipolo para assumir a presidência do Banco Central em janeiro próximo. Houve pressão para confirmar seu nome com a expectativa — que nunca foi a minha — de que isso influenciaria as decisões do atual colegiado do Copom e conteria as ações criminosas do atual presidente, Campos Neto. Nada disso aconteceu, nem vai acontecer. O anúncio de um aumento de juros já é público, e ainda criam suspense entre um aumento de 0,25% ou 0,50% pontos, mostrando o descaramento com que lidam com o nosso dinheiro e o desprezo pela realidade. Devem subir, apesar da falta de vergonha, 0,25%.

O anúncio antecipado de Galipolo foi tão inerte que até sua presença na próxima reunião está ameaçada, supostamente para evitar constrangimentos ou com alguma outra desculpa absurda.

O fato é que a presença de Galipolo nunca constrangeu ninguém. Suas atitudes são de imensa omissão, e seu futuro mandato sugere um perigoso vácuo nas decisões necessárias que surgem no horizonte.

Não canso de repetir, e infelizmente, a cada dia os fatos não me desmentem, muito pelo contrário. E subir ainda mais os juros é um sinal claro de que a disputa pelos bilhões desperdiçados todos os anos — enquanto economizamos com aposentadorias de um salário mínimo — exigirá um esforço enorme para reverter, ao menos um pouco, o descaminho que tomou conta das decisões do Banco Central nos últimos anos.

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