Uma das tarefas do próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, será colocar o chamado Boletim Focus em seu devido lugar. Ao invés de ser tratado como um oráculo econômico, como atualmente, deveria ser encarado como algo mais parecido com um jogo de apostas, uma Bet, cheio de chutes, mas com pretensões e objetivos claros.
Um desses objetivos é orientar seus próprios investidores, que, se ainda não perceberam, estão sendo manipulados constantemente pelas previsões erradas. O propósito é manter seus recursos nos bancos, e nunca na economia real.
E é justamente para isso que servem essas previsões furadas: desviar a riqueza do país para a especulação.
Pode parecer exagero, mas uma análise dos balanços das empresas – bancos, hospitais, hotéis, supermercados, e até casas de negócios menos formais – revela que aproximadamente 70% das receitas vêm de títulos e apenas uns 30% da atividade-fim dessas empresas. Isso se repete praticamente em todos os setores!
Ambos os lados – empresas e investidores – mostram resistência em abandonar essa facilidade de ganhar rios de dinheiro sem fazer nada. Porque, em uma economia saudável, com juros normais, os bancos precisariam ir a campo, arriscar, emprestar, financiar, estudar projetos e realmente participar da atividade econômica real do país. Sinceramente, creio que os bancos não estão minimamente preparados para isso. E imagine essa leva de bancos de aplicativos, que nem possuem agência física e só vivem de juros de 500% ao ano, enquanto captam dinheiro a 10%.
Quanto ao futuro da PEC 65, que busca dar autonomia total ao Banco Central, o mais provável é que não tenha futuro. Afinal, você consegue imaginar este Congresso entregando o comando autônomo do BC a um indicado por Lula para os próximos – digamos – 10 anos?
Nos próximos dias, teremos a reunião do Copom, e as últimas tentativas de boicotar o Brasil seguem na pauta, com pretensões de aumentar os juros, já que, para eles, um crescimento de 3% ao ano parece excessivo. Dizem que Galípolo não vai participar da próxima reunião, alegando sua condição de indicado. Não aceito essa justificativa, pois me parece uma covardia. Ele prefere continuar um jogo de esconde-esconde com sua posição, esperando ter a maioria. Adiar o embate inevitável é um erro, mesmo que a estratégia seja fazê-lo gradualmente e sem estresse. Quanto mais cedo essa disputa começar, melhor. E, com a economia crescendo e engrenando, o momento parece ideal.
Vá a luta, Gabriel!
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