
O início da campanha eleitoral em São Paulo foi marcado por uma reviravolta inesperada, com a ascensão do coach picareta, que praticamente trocou de lugar com o atual prefeito Nunes, enquanto Boulos aparece ligeiramente à frente de todos, no limite da margem de erro.
O coach está desempenhando aquele papel que antes era reservado para figuras como Datena e Russomano em pleitos anteriores: o “cavalo paraguaio” que dispara na frente, toma bordoadas de todos os lados e desaparece na reta final por falta de fôlego. Parece que esse será o destino do coach, mas vamos aguardar para confirmar.
O que já não está mais em dúvida é o papel de Bolsonaro em seu ocaso. A percepção de que seu eleitorado nunca foi realmente dele, mas sim uma franja fascista, antipetista, de ressentidos, anti-sistema e outros, segue no seu descaminho independente da escolha do pretenso chefe fascista. Na verdade, esses grupos antecedem o aparecimento do ex-paraquedista e permanecerão no cenário após o seu desaparecimento, programado para ainda este ano.
O cenário paulista deu uma tremida, com Boulos dando um tempo e esperando a definição do adversário. Pode ser que precise mais do que corações daqui a pouco, mas faz bem em esperar. Para ele, o coach seria um adversário melhor, porque tem a maior rejeição de todos na disputa.
As pesquisas captam movimentos distintos, porque de fato o cenário está pantanoso por lá e sujeito a mudanças bruscas.
É alvissareira a guerra interna na extrema-direita, algo que já era esperado e que certamente se repetirá na disputa de 2026, com o impedimento do titular.
Não há uma aposta certa na eleição paulista; tudo pode acontecer, sim, mas a extrema-direita rachada é um fato, o crescimento da centro-esquerda é outro, e o Lulismo segue angariando apoios. Um cenário mais equilibrado deve emergir após o pleito municipal.
A única ameaça seria esse coach do apocalipse, mesmo que Nunes, daqui para frente, se veja obrigado a abraçar o ex-presidente para fortalecer o flanco direito, forçando Boulos a uma posição proporcional no flanco oposto. Tudo isso pode ser apenas passageiro, e em algumas semanas ambos podem retornar à disputa principal.
Veja que esse cenário nem é o melhor para Boulos; a disputa com o coach de enxofre seria melhor para ele, enquanto com Nunes ele sai em desvantagem no segundo turno. A questão que levanto é sobre a presença de um “cão raivoso” disputando um segundo turno na capital paulista.
E, imagina, se ganha?
No Rio, Paes. Em BH, embolado, mas vai ter segundo turno. Em Vitória, Coser luta por segundo turno com o atual bolsonarista envergonhado.