
À primeira impressão, talvez pela divisão atual da sociedade – que pode ser bem antiga, mas cuja visibilidade foi ampliada pelas redes sociais – somos levados a pensar nas eleições municipais sob o domínio de pautas nacionais.
Não há dúvidas de que o impulso inicial para as municipais vem do embate nacional, até porque não se vê e nem se fala em outra coisa. E os arranjos visando as próximas eleições nacionais prevalecem e impõem a lógica.
Mas, ao meu ver, isso ocorre apenas superficialmente, sob a ótica e interesses daqueles que manipulam partidos e verbas. A realidade municipal pode ser bem diferente.
Existe, sim, a expectativa de que, desta vez, como nunca antes, a pauta nacional se imponha nas eleições municipais, o que veremos. Ou não.
Pessoalmente, mais uma vez, percebo uma disposição local nessas eleições, com nomes e propostas locais dominando as escolhas na maioria das cidades. Mesmo quando um candidato majoritário se apresenta com um discurso nacional ou repete questões nacionais, se ele não conseguir alinhar seu discurso às expectativas locais, não terá sucesso. As pesquisas até agora mostram isso, mas só saberemos com certeza no dia da eleição.
Quanto aos candidatos, o PT e o PL dominam as indicações, o MDB ressuscita em candidaturas, enquanto PP, PSDB e PDT definham; Novo e PSOL tentam ganhar mais visibilidade.
Sem dúvida, espero um crescimento do PT, e sem dúvida o PL está se enraizando no Brasil.
Nas próximas semanas, ninguém da classe política fará outra coisa além de política. E assim todos os assuntos precisam ser entendidos. Inclusive a questão da disputa do orçamento secreto, que visa moralizar e equilibrar a próxima eleição dos presidentes das casas legislativas, até agora totalmente dominadas por quem comanda e consegue enfrentar o governo, impondo sua vontade no controle do orçamento público. Sem os bilhões das emendas disponíveis, o próximo presidente das casas precisa ser alguém mais alinhado com o governo e suas lideranças, e não um adversário antagonista e furioso, como têm sido os últimos. As municipais entram na história por dois motivos: mantêm a influência dos bilhões na disputa municipal e seguram numericamente as bancadas que serão avaliadas no pós-eleitoral, estabelecendo estratégias para 2026, quando a situação se renova, ou não.
E, faltam poucos dias para todos mergulharem de vez na eleição e campanhas.