O prazo acabou? E as Atas?

Primeiro, é importante destacar a situação pantanosa em que nosso governo escolheu entrar. Lembrando de algumas declarações do Brasil – e do Lula – nas semanas que antecederam o 28 de julho e a eleição na Venezuela, percebe-se um tom cada vez mais incisivo, culminando com a condição da apresentação das atas para reconhecer o resultado do pleito.

Muito mais veemente e agressivas foram as declarações da oposição a Maduro antes da eleição, incluindo a recusa de assinar compromisso reconhecendo resultado – fosse qual fosse – e acusando fraude ainda antes da eleição ocorrer.

Nós, por aqui, tivemos a mesma experiência, com anos de 7 de setembro comemorados na base de acusações de fraude nas urnas eletrônicas, reunião com embaixadores de vários países para acusar nosso sistema eleitoral de fraudulento e blindados fumegantes na porta de palácios supostamente ameaçadores, indicando a quem quisesse ver a disposição para um confronto. Sem falar em Trump, que fez de tudo para não aceitar o resultado adverso, com os mesmos argumentos de fraude.

Então, em princípio, gritar fraude e sair acusando – sem provas – não significa nada. Ao contrário, situa o reclamante no rol de antidemocratas, fascistas, e parte de um movimento mundial que pretende solapar as democracias e não fortalecê-las.

E lembrei do Aécio, pedindo recontagem de votos na disputa que perdeu com Dilma, e nunca reconheceu a derrota naquela eleição.

Trata-se de um movimento mundial, onde as piores figuras usam desse artifício criminoso para manter apoios e unir tropas desanimadas por derrotas. E assim pressionar governos recém-eleitos e preparar novos golpes futuros.

Há quem caia nisso, quem acredite, quem se deixe levar.

Mas temos quem fique em alerta, sabendo que não se trata nem de atas, nem de democracia, nem de nada que se pareça com justiça e vontade dos povos. É um ataque a tudo isso, por quem sempre teve lado nessa disputa, e o lado dos algozes, dos golpistas, dos assassinos e dos ditadores.

E a questão, aparentemente complexa, na verdade é simples: quem vai decidir o resultado da eleição vai ser a Venezuela, suas instituições e seu povo.

E, se me permite, já decidiu.

Os EUA decidiram reconhecer o adversário de Maduro, sem nenhuma base para tal. E aí estamos falando de mais um Guaidó – um tipo 2.0 – lembram? Não é a primeira vez que os EUA – e o Brasil de Bolsonaro – nomeiam um presidente paralelo na Venezuela, por mais ridículo e absurdo que seja. E nomearam dessa vez não somente um palhaço, meio abobado, como Guaidó, mas uma figura com histórico de assassino, perseguidor de religiosos em El Salvador, onde participou de perseguições e assassinatos de adversários políticos vindos da esquerda. E temos a Corina, a mão que abana o assassino, outra personagem que passa anos e anos clamando por intervenção estrangeira em seu próprio país.

Essas são as pessoas e os fatos.

A história recente da Venezuela está aí disponível para quem quiser conhecer, sobretudo a partir de Chávez, que refundou a república venezuelana com base no exército reformado, mobilização popular, mudanças de perfil de integrantes nas instituições e estatização do petróleo. Por sinal, as maiores reservas de petróleo do mundo, e por isso todo mundo quer intervir na Venezuela.

E as atas?

Me responda você.

Mas antes, quero saber da nomeação do primeiro-ministro na França, que Macron, mesmo depois de perder a eleição, se recusa a nomear. Antes, quero entender as eleições nos EUA, onde a maioria de votos não significa vitória, e cada estado faz sua apuração e ninguém entende o que eles fazem e fica por isso mesmo.

E quero as atas de todas as eleições no mundo, aliás, uma resolução na ONU obrigando todos os países a apresentarem as atas para, talvez, uma conferência por Elon Musk no X, validando os resultados.

E quero ver quem vai lá em Caracas dizer para o povo de Chávez que não vão aceitar e pensar que isso vai fazer alguma diferença.

Se clama por democracia, faça primeiro em sua casa e a mantenha.

Os lobos estão à sua volta e querem tudo para eles e nada para você.

O Brasil tem dois princípio importantes nas relações internacionais, previsto na Constituição de 88: – não-intervenção; – autodeterminação dos povos.


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