O Áudio.

Discordo de quem minimiza a gravidade dos diálogos trazidos na gravação, assumidamente feita pelo ex-chefe da Abin, Ramagem, com a presença de advogadas de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual e acusado de peculato (rachadinhas), o ex-presidente, General Heleno do GSI, e o autor das gravações.

De início, percebe-se o cuidado do autor das gravações em não avançar em crimes, incluindo o GSI a pedido das advogadas em levantamentos de dados de funcionários da Receita, que elas acusavam de criminosos perseguindo o então deputado Flávio. Outro fato notável era a repetição de Bolsonaro nas falas de que, mesmo se estivessem sendo gravados, ninguém ali estaria cometendo nenhum crime.

Pois bem.

Apesar das falas de que não estavam cometendo nenhum crime e dos cuidados de Ramagem, que gravava tudo, os encaminhamentos na reunião foram criminosos. As sugestões de procurar este ou aquele chefe dos órgãos claramente mostravam o uso de instituições públicas e servidores em benefício próprio e para obstrução de justiça.

Observa-se que os auditores citados pelas advogadas foram exonerados de seus cargos na sequência dos fatos da época e a investigação de peculato do deputado Flávio Bolsonaro continua paralisada até hoje.

Agora há pouco, Ramagem publicou um vídeo na rede social afirmando que a gravação foi feita com consentimento do ex-presidente.

Pode ter sido, provavelmente foi.

Então, qual o propósito do STF e do ministro Moraes em prisões e liberar o áudio?

É preciso retroceder até 2020, quando a reunião, descoberta pela imprensa na época, foi objeto de investigação. Todos os presentes foram questionados na ocasião e todas as negativas que constam nos inquéritos de cada um deles foram desmentidas agora. O que já coloca a todos na defensiva daqui em diante.

O que mais vem por aí, não sabemos. A raiva do Bolsonaro com Ramagem, supondo que a gravação foi feita com conhecimento dele, que ele já negou, pode estar porque Ramagem não apagou a fita, mesmo, talvez, pensando que nada de grave continha.

Segue a investigação e vamos ver se os que foram presos estão dispostos a colaborar com alguma coisa.


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