Desmistificando a Relação entre Lula, Câmbio e Mercado Financeiro em 2024

Na semana de muitas confusões, pressões, ilações, mentiras deslavadas e fake news a rodo, quando todo o arsenal do mercado financeiro e sua mídia associada, financiada e comprada, o ministro Haddad anunciou que no orçamento de 2025 algo próximo de R$ 25,9 bilhões seriam cortados. Não se sabe ainda onde.

Mesmo sendo feriado nos EUA – o 4 de julho – a bolsa brasileira subiu e o dólar, que apesar de subir no mundo inteiro, mas subir aqui no Brasil ainda mais, deu mais um refresco e segue em queda.

Fácil seria dizer que a fala de Haddad e o fato de Lula não comentar sobre câmbio e BC foram o motivo da queda do dólar, mas não é assim que acontece.

Pesquisando um pouco a trajetória do câmbio em 2024, dá para perceber que, em abril, se tentou elevar o câmbio, porque, mesmo com os juros dos EUA nas alturas para os padrões de lá, o câmbio por aqui vinha comportado, e os operadores se queixavam das poucas oportunidades de ganho. Eles só ganham se o câmbio variar; quanto mais, melhor.

Na minha avaliação, o gatilho sempre esteve puxado, aguardando oportunidade para o ataque. Oportunidade que surgiu em maio, com o BC claramente provocando o governo e Campos Neto na sequência de críticas ao orçamento e aos gastos do governo, desculpas que usou para interromper a queda de juros no Brasil. De lá para cá, a retórica foi crescente, o exterior não ajudou e as condições de ataque contra a nossa moeda estavam postas, e foi o que aconteceu.

Esticaram a corda até onde nem eles imaginavam; só os estrangeiros estavam comprados em 80 bilhões de dólares. Um conjunto de fatores alinhados que, para se justificar, usou as entrevistas de Lula nas rádios como biombo para seguir lucrando.

Na última sexta-feira, Lula esteve em SP na casa de Haddad para um jantar, onde trataram de vários assuntos, entre eles a dificuldade, tendo em vista a pouca confiabilidade da imprensa brasileira, suas limitações e o péssimo serviço que presta na informação. Podiam era vazar desse jantar que eles acham que a imprensa oligopolizada e financista – quase toda ela pertencente a bancos, financeiras e fintechs – faz sempre o trabalho do mercado financeiro, ao mesmo tempo tentando segurar as taxas de juros mais altas e lucrativas do mundo, avançar ganhos no câmbio e boicotar a economia no Brasil e o governo. Mas o que todos concordaram não é que as falas de Lula provocam aumento do dólar, assunto que nem trataram conforme Belluzzo, que estava lá presente, mas a avalanche de má vontade, mentiras, falsidades e distorções que fazem este serviço sujo.

Nesse sentido, a equipe econômica, ai sim, vazou a ideia de Mantega – que estava no jantar – de que um aumento do IOF seria uma boa ideia para conter a especulação. Haddad completou o serviço ao reafirmar o compromisso com aquilo que já estava compromissado – o arcabouço fiscal recém-aprovado -, foi outra iniciativa e, aos poucos, a especulação – ao menos até agora – dá uma parada para realizar lucros e descobrir que não existe nenhum motivo para o Brasil ter moeda desvalorizando nesse momento. Não enquanto obter superávit de R$ 100 bilhões e arrecadação crescendo mês a mês.

A verdade é que não existe entre o mercado financeiro e o governo Lula um acordo permanente, cada um vai se esgueirando nas frestas do outro e convivendo em meio a turbulências eventuais.

Quem me acompanha sabe que eu sempre defendo o novo arcabouço fiscal, porque ele só tem uma razão de ser: ou a economia cresce e o governo obtém os recursos para o investimento ou ele trava o país na recessão e nos cortes orçamentários.

Perceba que aqui só tem uma saída, e aí está o segredo do arcabouço fiscal e a sua existência: o Brasil ou cresce ou o governo fracassa.

O cálculo é cristalino e reconhece a realidade como ela se encontra; para o governo Lula só o crescimento interessa, quando os gatilhos da âncora fiscal permitem manter os investimentos e o crescimento sustentável. Para o governo Lula, não existe a hipótese de queda de arrecadação ou pouco crescimento, ou nenhum, isso significaria administrar miséria e pobreza, coisa que absolutamente o presidente Lula não quer e não vai permitir.

O lado de lá sabe dessas coisas todas, faz de tudo para atrapalhar e impedir o sucesso e o crescimento, para que as travas imaginárias do arcabouço sejam reais.

Elas foram colocadas lá para nunca serem necessárias, eis a questão. O que só o crescimento contínuo pode garantir.

A coisa segue bem, a arrecadação de acordo, o câmbio voltando ao normal, a economia crescendo e o desemprego caindo, renda crescendo. Tudo de acordo com o necessário.

O próximo ano pode ser o melhor de todos, se seguirmos assim e temos tudo para seguir. Ah, e quanto aos cortes do Haddad, vamos ver, mexe daqui e mexe dali e fica tudo do mesmo jeito, é o que eu percebo.


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