Entrincheirados.

Talvez o eventual leitor esteja cansado da insistência com que todos tratam do assunto Banco Central (BC), quem sabe na expectativa de dimensionar a importância do atual impasse.

Bastaria ressaltar a divisão de interesses entre um governo eleito, obrigado a cumprir seu programa de inclusão com crescimento da economia, e os opositores entrincheirados no coração da autoridade monetária, empenhados em boicotar qualquer plano de desenvolvimento, contando com o apoio de toda a casta financeira nacional.

Quem faltava proclamar seu desagravo, não falta mais. Ainda ontem, no fim da tarde, o ministro Haddad destacou a ausência do Banco Central no esforço de melhorar a vida do povo com políticas públicas adequadas. Faltou dizer que o BC, na verdade, rema na direção contrária.

A questão é tão relevante quanto os R$ 800 bilhões que pagamos, só este ano, em juros. A matéria é tão importante que temos no Brasil dois orçamentos: um que inclui a despesa com juros e outro que não. A manobra visa separar e permitir a cobrança somente sobre o chamado Déficit Primário, que exclui juros. Incluir o pagamento de juros na avaliação do orçamento é tão escandaloso, que convém ocultar. Talvez porque R$ 800 bilhões seja um exagero, talvez porque, mesmo somando valores da saúde, educação e previdência, não alcançamos esse número obsceno.

De qualquer maneira, e mesmo que eventualmente tratado de forma lateral, o que acontece no mundo atualmente e atinge a todos, sobretudo os países em desenvolvimento, é um movimento interno nos EUA de valorizar a própria moeda, enxugando a liquidez mundial. Alegam o combate à inflação, como fazem aqui, mas talvez haja algo mais em movimento, e os EUA agem preventivamente enquanto parte do mundo, incluindo os BRICS, começam a abandonar o dólar como moeda de intermediação comercial. Esse ainda é um movimento relativamente pequeno, mas crescente e de consequências imprevisíveis.

E, se assim é, seria o caso de nossa autoridade monetária também agir de forma consequente, prevenindo a flutuação furiosa do dólar e não somente aumentando os juros, que já são os mais altos do mundo, provocando cisão orçamentária interna por motivo relativamente controlável. Estão agindo sobre uma coisa quando deveriam mirar em outra: o câmbio.

Daqui pra frente, vou defender o câmbio fixo no Brasil. Existem critérios e maneiras de fazê-lo, sem incorrer em danos perigosos. Com a vantagem de assim podermos diminuir os juros escorchantes sem risco de ataque especulativo. Observe que a Argentina, que não tem um centavo de reservas, está com seu câmbio congelado com aquele maluco lá na direção, e me parece o único acerto dele até agora. Tem problemas, mas ninguém aqui no Brasil toca nesse tema, o que mostra o medo da turma.

Finalmente, é importante salientar que os campos brasileiros estão entrincheirados, com financistas e imprensa oligárquica de um lado, e governo e imprensa alternativa do outro. Seria o caso de lembrar que o povo também escolheu um lado, ao eleger o presidente preocupado com crescimento e distribuição de renda, que deveria estar, a essa altura, livre para fazer suas escolhas e não digladiar com um opositor no Banco Central.

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