Os argumentos do ajuste fiscal pela receita, não pelo trabalhador.

Começa com 7 anos de salário mínimo congelado, tabela de imposto de renda congelada por 7 anos. Quem ganha R$ 1500 paga IR e quem ganha em fundos exclusivos não paga nada.

A despesa com previdência e saúde somadas, que junto com a educação são os alvos prediletos de cortes de custeio, nem estou falando dos investimentos, é menor que a despesa do pagamento do serviço da dívida, por conta dos maiores juros do mundo. No ano de 2023, chegou a R$ 650 bilhões, depois dos R$ 750 bilhões de 2024.

A Petrobras, que parou de investir durante cinco anos e passou a adotar paridade internacional de preço de combustíveis, pagou em cinco anos de dividendos de ações um valor correspondente ao seu valor patrimonial total. Sem falar na venda dos ativos, que quebrou a cadeia do poço ao posto, encaminhando a empresa para exportadora de petróleo bruto, e o Brasil importador de diesel e gasolina.

A Vale, que está renegociando linhas da antiga ferrovia nacional, propôs pagar uma ninharia pela concessão, nos termos que estava até negociado com o governo anterior. Agora precisa pagar R$ 27 bi para manter a concessão. Fora a disputa pelo comando da empresa, para que possa integrar o esforço nacional de investimento, deixando um pouco de lado sua atuação de tatu exportador.

Também a Eletrobras, que nas condições negociadas nos desgovernos anteriores mantém o poder de decisão longe da influência do governo atual, mesmo este retendo mais de 35% do capital social. E agora falam em demissão e coisas do tipo, enquanto o Brasil se prepara para mais uma rodada de crescimento e energia elétrica é imprescindível.

Estradas abandonadas, obras paradas, desemprego e fila do osso. Tudo retomado.

O ajuste fiscal que nunca esteve nos cálculos dos desgovernos anteriores, que sempre promoveram déficits e estavam já gastando reservas cambiais na casa dos bilhões.

Para modificar o quadro, alguém precisa botar a mão no bolso. Não tem segredo, não tem mistério, não tem mágica.

É a eterna disputa distributiva, onde a sociedade se organiza e pactua o arranjo para atingir objetivos. E as decisões seguintes serão tomadas em razão do pactuado. Se só os pobres pagam, nada se faz e vamos nos arrastando na mediocridade e estagnação, o normal de nossa história. Quando invertemos minimamente a equação, sem fazer revolução ou coisas do tipo, o Brasil muda e começa a crescer.

Agora mais uma vez estamos repactuando o orçamento, mudando o enfoque de tratamento, que agora está posto na arrecadação e não na despesa. Mudança total, que obriga o governo a fazer os ajustes cobrando de quem não paga sem motivo justo, aliviando para quem paga a mais.

A reforma tributária seguiu nesse mesmo diapasão, agora enfrentar os lobbies para não desorganizar o objetivo, mantendo o centro da reforma na tributação progressiva e inclusiva, que prevê devolução para quem precisa e onerar luxo e importação de artigos que poderiam ser consumidos internamente.

E em tudo, para o bem ou para o mal, está inclusa a expectativa de crescimento geral da economia, por onde o elemento fiscal terá sua resposta definitiva.

Sem esquecer do Banco Central e dos juros mais altos do mundo. Enquadrar esse terrorista RCN é urgente


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