
O empenho furioso do Legislativo no que eles chamam de “mais participação” só vale para gastar, inventar despesas, agraciar e ameaçar o governo. Compromisso com as metas fiscais que são aprovadas na marra e cumpridas com enorme esforço, não querem.
Até pouco tempo, dispunham de bilhões que podiam mandar para onde quisessem, sem prestar contas e sem ao menos dizer quem indicou. É evidente que tamanho descalabro não seguiu no atual governo, mas deixou o parlamento chateado.
O Pacheco entrou numa de eleger seu sucessor, para isso precisa agradar os bolsonaristas, coisa que o Lira não precisa, sendo quem é e reconhecido pelos pares. Por conta da disputa, o Pachecão perdeu a mão e anda tomando invertidas que aparentemente não quer engolir. E aumenta a retórica, e parece que fica nisso, para manter seu jogo.
O governo resolveu agir, talvez porque estamos exatamente no período de disputas internas no congresso com as chapas sendo construídas agora. E aproveitou para negociar de maneira muito mais dura com o congresso e suas pautas bombinhas. Pacheco parece que perdeu na desoneração para o STF e para o quinquênio bilionário do judiciário para a câmara.
Lira, por sua vez, depois de perder a disputa pela prisão do Brasão, não emplacou mais nada, e agora achou um brinquedo poderoso para jogar, na regulamentação da reforma tributária onde todos os interesses estão na mesa, e valem fortunas.
Penso, e tenho afirmado e reafirmado, na posição vitoriosa do governo no congresso, sim, na base do toma lá dá cá, que os últimos anos levaram a níveis inimagináveis. E, no curto prazo, inevitável.
A sucessão das casas legislativas é uma oportunidade para amenizar a relação, colocando cada um no seu quadrado. Haddad está hoje falando sobre o quanto a pauta equivocada do Legislativo afeta o Executivo, sem afetar os deputados e senadores. A crise vem da casa que não sabe seus limites e avança nos limites do Brasil e está lutando para não perder poder, o que ao menos na questão das despesas e do compromisso com o fiscal, é urgente mudar. E além de cobrar a parte do legislativo no esforço fiscal, lembrou da reforma da previdência que fizeram, prometendo economizar R$1 trilhão, além de outro trilhão em privatizações. Tudo cascata. E não esqueceu o Bc : “extremamente complexo conviver com um BC que a gente não escolheu”!
Com a troca das presidências das casas legislativas e da presidência do banco central, temos uma oportunidade de aprofundar nas transformações que o Brasil precisa. Entenda, não é preciso forçar nada nem destruir, ao contrário, somar os esforços no objetivo comum de crescer o PIB e distribuir a renda. Na fórmula de pobre no orçamento e rico no imposto de renda, chegamos lá. De novo.