A voz do diretor Galipolo, talvez o indicado para suceder o bolsonarista Campos Neto, finalmente se fez ouvir.
Galipolo divergiu, à sua maneira – cheia de dedos e voltas – , da orientação do atual presidente do BC, o bolsonarista Campos Neto – futuro investidor em fintechs na Flórida – quando observou que não compete ao BC e sua política de juros reagir a movimentos bruscos do mercado sem considerar objetivos maiores e sem aguardar confirmação de cenários.
Ou seja, o que eles estão disputando – e agora publicamente – é a sequência de queda dos juros mais altos do mundo ou não.
Campos Neto, que a cada rodada de reunião do Copom inventava uma história para justificar o adiamento do anúncio do movimento de queda, agora quer interromper, alegando questões fiscais que não competem ao BC opinar e muito menos considerar.
O que interessa é a trajetória da inflação. A discussão sobre incluir no mandato do BC mais questões relevantes como desemprego e renda não vingou, e a tentativa do atual presidente bolsonarista de incluir por vontade própria seu escopo só serve para confundir o meio de campo e ele continuar com suas teses que atrasam o desenvolvimento do país.
Relatórios sobre investimentos e pagamento de juros das empresas brasileiras em 2023 mostram que paga-se mais juros do que se faz investimentos, por mais incrível que pareça. E o cenário de 2024 aponta para o mesmo descalabro, impedindo o crescimento.
O investimento privado não começou ainda efetivamente, e para o ciclo de crescimento não é possível esperar que o governo faça sozinho o trabalho que a todos compete.
Menos ao atual presidente do BC, que boicota de maneira indecorosa o investimento nacional, parou de falar da inflação que segue em queda e inclui nas suas preocupações variáveis de momento, que vão sendo superadas exatamente porque a trajetória de queda das taxas de juros é uma das principais entraves para a melhora dos cenários.
Tanto o presidente Lula quanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, andaram mandando recados na direção do ex-tesoureiro do Santander e futuro investidor de fintechs na Flórida, e ele ainda não conseguiu sair das cordas para responder. O que se espera é uma reunião mais animada no próximo Copom em maio, quando a voz do Galipolo deve, finalmente, se fazer ouvir.
Não tanto sobre a queda de 0,5% na Selic de maio, nessa sequência pinga-pinga que se conseguiu fazer, mas nas quedas futuras que estavam encaminhadas e Campos Neto tenta atrapalhar.
Vamos ver o que vai dar. Se Galipolo mantiver a posição, apesar da demora em assumi-la, quem sabe tenhamos nele o nome para assumir o BC quando Campos Neto for para a Flórida?
E, se permanecer em silêncio e concordando com o descalabro de Campos Neto, quem sabe mude para a Flórida também?