
A virada de ano marcou o reinício – ou o normal – do comportamento da mídia tradicional no Brasil: se tem governo do PT, sou contra!
No ano passado, praticaram o conhecido jornalismo declaratório, aquele que promove as teses mais falsas possíveis, embora saindo da boca dos políticos de oposição, e que são reproduzidas nas manchetes sem nenhum contexto ou avaliação. Assim foi até perceberem que o bolsonarismo repetia teses demais e começava a perder a força.
E retomam a trajetória de assumirem a oposição, como tem sido sempre nos governos populares de centro-esquerda.
Mas por que o fazem?
Vamos, por exemplo, observar a tramitação da regulamentação da Reforma Tributária que acabou de entrar no Congresso. Na nova regra, a maioria dos produtos e serviços vai trabalhar com alíquotas semelhantes, porque a ideia é simplificar a administração tributária. Mas tem produtos que receberão tratamento distinto, aqueles que poluem, os de luxo e os que fazem mal à saúde como açúcares, embutidos e ultraprocessados.
Só que um governo fraco não tem como enfrentar lobbies da indústria poderosa, que entrega esses produtos ao consumidor e pretende continuar entregando pagando o menor imposto possível. E onde a disputa começa e se um lado não consegue segurar a pressão, a vontade de fazer uma tributação moderna vai para o ralo.
Em tudo podemos seguir o mesmo raciocínio.
Não que o governo tenha que impor sua vontade contra os interesses, sem considerar as consequências de seus feitos. Mas igualmente o oposto não serve, deixar o interesse privado, incluindo os de saúde e meio ambiente, livremente nas mãos e no bolso do capital. Há que se fazer os acordos e encontrar o meio termo.
Quanto a imprensa oligopólio e financeira, interessa um governo de joelhos para que anunciantes e banqueiros vivam felizes.