
Nosso Lula está na Colômbia e afirmou que nunca a América Latina esteve tão desunida. É de fato triste concordar com a fala do presidente e perceber como os nossos interesses comuns são cooptados e negociados por migalhas.
Podemos continuar atribuindo a culpa aos de fora, pois eles têm parcela de culpa no interesse de manter a América pobre, desunida e fraca, mas nessa altura dos séculos, a resposta está mais aqui do que em qualquer outro lugar.
Mesmo nosso Brasil acabou de substituir o idiota que promovia desunião e tinha como orientação diplomática com nossos vizinhos a ofensa e o abandono dos mínimos cuidados dos nossos interesses. E não ficava só no nosso continente as ofensas, parceiros mundiais como China e França eram igualmente desprezados.
Agora temos por vizinhos alguns filhotes do mesmo ninho, que preferem manter os países do sul distantes uns dos outros e acalentados por outros, sobretudo os EUA, que, por exemplo, estão por instalar uma base militar na Patagônia e assumir o controle do tráfego marítimo do Prata, sem nenhum motivo para isso que não a submissão humilhante.
Entre nós estamos centenas de anos atrasados, até nossos laços físicos de acesso entre os países praticamente inexistem, são poucas as pontes, os voos, as estradas e ferrovias que nos unem. Assim como Darcy explicava sobre o que faziam com a educação no nosso país, que a baixa qualidade não era um acaso, mas um projeto, também a integração entre nós na América do Sul segue o mesmo projeto de isolamento. E as ações recentes do fascista brasileiro nessa direção e as atuais do presidente argentino não deixam dúvidas.
E se entregam por nada, apenas por vira-latinhice mental e falta de visão nacional. Esses que veem a destruição como a arma para manter privilégios e usam o caos e a pobreza como instrumento de controle social.
Mas não dura, fracassam miseravelmente, pois é impossível permanecer destruindo por muito tempo, mas como destruir é rápido e fácil, o trabalho de refazer é demorado e custoso, e resultados demandam tempo, repetem de tempos em tempos o descalabro e voltam para destruir aqui e ali eventualmente.
Perceba o caso do nosso déficit fiscal em discussão atualmente, atribuem ao atual governo o crescimento da dívida total em 1 trilhão, o que em números absolutos é verdade. Esquecem de explicar que o déficit é composto pelos gastos do governo e pelo pagamento do serviço da dívida pública, que depende da taxa Selic do Banco Central, administrada de forma independente pelo bolsonarista Campos Neto, com mandato até o fim de 2024. O que fez e faz esse cretino? Mantém as nossas as mais altas taxas de juros do mundo, gastando trilhões no pagamento do serviço da dívida, enquanto o gasto do governo é uma fração dessa montanha de dinheiro que corre para investidores, bancos e empresas, inclusive e sobretudo as de mídia tradicional.
Mas quem é acusado é o governo atual, pior, ameaçam parar de reduzir a queda dos juros, provocando piores projeções econômicas e aumentando o desequilíbrio orçamentário que dizem querer proteger.
Não é um caso isolado, é o exemplo do desafio de integração nacional que prescinde da internacional. Desorganizar a economia doméstica é o pressuposto da entrega das riquezas para os países ricos e a desculpa da falta de investimento humano e físico nas economias dependentes do sul. E entre nós permanece a inércia do desamparo e a distância cultural e afetiva que muito mais nos une do que qualquer barreira possa impedir.
Temos entre nós quem mexe o tabuleiro da integração, faz uso de todas as armas disponíveis e trabalha sem cessar por esse horizonte. Precisamos de mais, de outros, mas os resultados virão.