
A natureza antidemocrática e golpista das forças armadas, encontrou um personagem capaz de vencer a eleição, nas condições de temperatura e pressão ideais na sequência da derrubada ilegal de Dilma e a prisão do Lula.
Os auto nomeados guardiães da república, tentaram mais uma vez assumir o comando do país, somando mais um capítulo na história de infâmia sequencial das intervenções militares no Brasil.
Escolados dos longos anos de ditadura dos anos 60,70 e 80, quando sabedores que iniciaram a aventura apoiados por empresários, imprensa, setores da população e de igrejas, e terminaram abandonados por praticamente todos no final, que os obrigou a deixar o poder com o rabo entre as pernas, não quiseram mais assumir a frente de mais um novo período autoritário, preferindo aguardar que as provocações e o gado furioso incentivado por manipulações e mentiras, descontrolado e destruidor , obrigasse o lado civil, seja ele quem fosse, de chamar a intervenção para restaurar a ordem. Que eles mesmos se encarregaram de destruir e que se apresentariam para recompor.
O roteiro era de uma filme B, daqueles repleto de canastrões e escrito por autor sem talento ou inspiração. Mas como destruir e bagunçar são artes dominadas e praticadas a larga nos quartéis e quejandos, impor às ruas seus esquemas através dos patriotas foi relativamente fácil.
O ex-presidente passou seus 4 anos agitando o coreto, cercado de toda os comandantes e oficiais, além de milhares de cargos ocupados por militares dobrando o soldo somados ao salário do cargo civil que ocupava.
Foi uma farra sem data para acabar.
As ilegalidades do dia da eleição, conhecidos e ainda sob investigação, não foram suficientes para reeleger a trupe incompetente e incapaz, apesar de tudo que foi tentado.
Com o resultado adverso a crise que seguiu no interior das forças armadas nunca foi entre aqueles que apoiavam o desastre fascista e não o apoiavam. Mas entre aqueles que reconheciam o resultado da vontade popular e aqueles que não reconheciam.
E uma divisão inédita no seio da família militar transbordou para o conhecimento público, entre cobranças, ameaças e xingamentos, além de promessas de perseguição até dos parentes dos que negavam apoio a uma virada de mesa .
Dessa vez alguns dos piores entre eles – os bons ainda está difícil de descobrir – vão pagar por mais uma afronta a constituição e a soberania popular. E com condenação por tentativa de golpe de estado, além de outras sérias acusações .
E outras decisões sobre conter participação de militares na política deve seguir, como aquela que impõem a reserva aos mais inclinados a política do que a vida militar.
Entre tantos alucinados e ferozes guerreiro contra seu proprio povo, existiram aqueles que barreiraram a quartelada mais por preguiça do que por convicção. O único pensamento capaz de impedir a total adesão foi saber o trabalhão que teriam para sustentar um golpe militar nesse século 21.
Não sei dizer se foi a covardia, a preguiça, ou a forte reação contrária que evitou a loucura. Eu sempre penso na imensa incompetência, improvisação e burrice. Um golpe que dependia de uma decisão dos golpeados – no caso ao chamar a GLO – não pode ser levado a sério. Mas mostra que mesmo na divisão interna das forças havia aqui uma expectativa comum : dependendo do que acontecer a gente segue no poder.
Deu tudo errado, depois de 4 anos de um governo terrível e incompetente, a quartelada fracassou e as força armadas mais uma vez estão desmoralizada. E tanto que concordam em sacrificar uns anéis para manter um resto de dignidade.
Eu não faço ideia de como resolver essa questão, e parece que ninguém sabe. Um dia e de alguma forma a caserna deverá ser confrontada por seu pendor autoritário e seu péssimo serviço ao país. E uma solução calçada no profissionalismo, eliminar para sempre golpistas do interior das tropas. É uma exigência de país civilizado.