Depois que o general Gomes Freire entregou a rapadura, lembrando que ele prestou depoimento como testemunha e não como investigado, outros indivíduos de mesma naipe envolvidos na trama bolsonarista começam a demonstrar intenção semelhante.

Não é como se, depois de serem citados como participantes das atividades criminosas, pudessem simplesmente aparecer para delatar. Será necessário negociar os termos e adicionar fatos que possam ser comprovados.

É o caso do ex-ministro da Defesa, General Paulo Sérgio Nogueira, que, dizem, está sendo aconselhado a “colaborar” com as investigações. O general era aquele que vivia pressionando o TSE sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas e apresentou, segundo a testemunha, uma minuta com o golpe escancarado para os demais .

O que todos esses indivíduos, e os próximos que certamente se juntarão a eles, querem fazer é jogar a culpa no ex-presidente, que por sua vez também ameaçou no passado que, se acusado, entregaria todos os demais.

É o clássico barata voa.

Em Nuremberg, os nazistas julgados tentaram o mesmo truque, sem sucesso, observo.

No entanto, é reconfortante ver a pilha de denúncias e acusações se acumulando, muitas pessoas dispostas a denunciar o presidente, múltiplas provas irrefutáveis. Mesmo que alguns sejam incapazes de reconhecer um crime quando ele acontece, não significa que faremos o mesmo. E certamente a justiça não parece inclinada a ignorar essas questões. Vamos ver.

Para os militares, não basta delatar e apontar o dedo. Prevaricar é o crime daquele que tinha a obrigação de agir e não o fez. O que se aplica a todos os que participavam de conspirações criminosas golpistas. Permanecer em silêncio na época e denunciar depois, especialmente após serem pessoalmente denunciados, não é algo aceitável.