Começam a aparecer, para além dos prognósticos, os números do desastre argentino.

O gráfico acima quantifica um crescimento de quase 13% no número de miseráveis no país vizinho, com tendência de alta. Um aumento equivalente ao de uma guerra. A pobreza atingiu quase 60% da população.

Enquanto isso, o governo atribui o fato aos governos anteriores, discurso com data de validade curta e já causando quedas relevantes no apoio interno ao presidente Milei. Pesquisas recentes mostram que inverteu a maioria declinante dos levantamentos anteriores; agora, aqueles que não apoiam as medidas do ajuste são maioria no país.

Como o tal ajuste pretendido ainda está no início, e o máximo do resultado foi obter superávit de uns U$ 600 milhões, a perspectiva de solavancos e crises crescentes é total. As palavras “impeachment” e “greve geral”, mais uma e duradoura, tornam-se rotineiras.

A novidade recente foi a publicação de um longo texto de Cristina Kirchner, apontando as atuais mazelas e propondo soluções, cuja repercussão foi enorme em razão do desespero crescente. Cristina mesma não deve mais se apresentar para disputas eleitorais majoritárias, mas outros nomes começam a surgir no país, fazendo oposição ao Milei e alcançando repercussões inéditas na mesma medida em que o fracasso do seu governo cresce. O atual governador da província de Buenos Aires é um deles: Axel Kicillof.

Quanto ao aumento da pobreza, imagine sua aposentadoria e salário perdendo 50% de valor em dois meses. Apesar da tendência de queda da inflação, que pode nem se confirmar em razão da desvalorização do Peso, que Milei mantém com valor congelado. Cinquenta por cento de queda no valor dos salários, e sem perspectiva de reposição, é um número insuportável.

Fevereiro pode ser um mês decisivo para Milei, inflação alta novamente pelo terceiro mês consecutivo pode ser a pá de cal em seus planos.