O primeiro-ministro de Israel, que nos últimos anos entrou e saiu do cargo por repetidas e fundamentadas acusações de corrupção, criticou as palavras do nosso presidente durante uma entrevista concedida na Etiópia, onde estava em uma missão diplomática pelo continente africano. Ao comparar o genocídio em Gaza com o horror nazista, provocou a fúria de Bibi Netanyahu.

Não sabemos onde está a linha vermelha que Lula ultrapassou com suas palavras, segundo Bibi, mas se Lula a ultrapassou com crítica, apesar de dura, imagino que Israel deve ter até apagado os rastros da mesma com tantas bombas que jogou. E continua jogando, sobre crianças e inocentes palestinos.

Quem me acompanha aqui sabe que nunca tratei aquele contra-ataque de Israel aos palestinos, visando o Hamas, como guerra, mas sim como conflito desproporcional, que agora chegou à limpeza étnica: genocídio.

Apesar de tudo, e da repreensão que Bibi prometeu dar ao nosso embaixador, a questão de romper relações vai além de uma troca de farpas em entrevistas. Nem Bibi, nem Lula, representam Israel ou Brasil em sua integridade e diversidade, sendo apenas administradores eventuais com prazo de validade. Não rompemos relações com Israel, mas com Bibi e seu partido fascista criminoso. Eles, se quiserem, podem fazê-lo unilateralmente conosco. Penso que, para nós, não é o caso, e devemos nos manter na mesa de negociações e em condições de confrontar quando necessário.

É importante separar as coisas até onde for possível, pois em algum momento esses criminosos serão detidos, e o Brasil, com retórica e prestígio em alta, é uma parte relevante nesse processo de pressionar esses fascistas até sua derrota.

A reação de Bibi a Lula e a repercussão mundial da fala mostram a força das palavras e a gravidade dos crimes que continuam sendo praticados. O mundo não quer mais isso.

Outra consequência relevante da fala de Lula foi tirar todos os defensores do genocídio do armário, colocar o guizo no gato Bibi e recolocar o tema Palestina nas manchetes do mundo.

Abaixo o Artigo do Estatuto de Roma, que o Brasil assina, com a definição de genocídio. Israel Gabaritou.