A inflação de dezembro na Argentina foi de 25,5% e de janeiro de 20,6%, somados estamos com quase 50%.

A estratégia do governo Milei foi desestruturar, por meio de palavras, omissões e ameaças, a economia do país antes mesmo de assumir, e assim que assumiu, enviou uma tonelada de leis e projetos de lei, estressando ao máximo possível a inflação. Fez isso porque poderia, no fechamento de dezembro, culpar o governo anterior pelo repique inflacionário extraordinário. E foi exatamente o que fizeram, tão logo os números astronômicos de dezembro foram divulgados. Para janeiro, a conversa seria um pouco diferente, mas ainda assim seria possível, como está sendo, culpar o governo anterior pelas mazelas inflacionárias persistentes.

Agora, pense comigo, somados os dois primeiros meses do atual governo, temos quase 50% de inflação, sem nenhum reajuste salarial, sem reajuste de pensões e aposentadorias, sem reajuste nas dívidas contraídas pelo poder público. O que aconteceria com o equilíbrio orçamentário da sua casa, dos seus vizinhos, dos parentes, se uma inflação de 50 % em dois meses batesse às nossas portas, sem reajuste dos nossos rendimentos? É a aposta atual do governo lá, que deve, a partir de fevereiro, começar a apresentar números menores na inflação e um balanço fiscal positivo.

O problema é que a mágica não tem mais margem para seguir enganando. Nos meses seguintes e apesar da tendência de inflação menor, o resultado desse tipo de ajuste é a estagnação absoluta do mercado, que se equilibra no lugar onde para, no fundo do poço. E de lá não levanta mais.

Perceba que estou analisando o cenário mais positivo, quando a inflação começa a cair, por causa da falta de dinheiro geral e irrestrito para consumo. É a estagnação econômica. Mas, e se mesmo diante de tudo isso a inflação persistir? Sim, porque o componente cambial é a referência crucial na Argentina, ainda mais agora com sua moeda jurada de morte. Nesse caso, sem crescimento econômico e com inflação, o país explode ainda antes do previsto.

São esses os cenários, esperar para ver.