O plano inegociável de Milei.

Ninguém mais aposta na aprovação do plano inegociável do presidente argentino. O projeto Omnibus (para todos ou geral, em latim), que exigia uma aprovação incluindo todo o aparato imaginado pelo maluco portenho, não existe mais. A cada dia, um pedaço do calhamaço de leis e decretos diminui um pouco, mesmo com um enorme desastre ainda ameaçando passar nas Casas Legislativas. Na Argentina, basta passar em uma das Casas, Senado ou Câmara, que está aprovado. Mesmo assim, o projeto vai desidratando a cada rodada de negociação – aquelas que não seriam aceitas – e vamos ver o que sobra no final.

Governadores e o presidente trocaram ameaças sérias durante a semana, um ameaçando cortar o dinheiro dos repasses para os Estados e o estado ameaçado respondendo que pode cortar o fornecimento nacional de energia elétrica.

Nos EUA, também houve uma escaramuça da pesada entre o governador do Texas e o presidente Biden, sobre cercas que o governador mandou erguer nas fronteiras do estado com o México. Totalmente ilegais.

Me lembrei de Itamar Franco brigando com Fernando Henrique Cardoso. Itamar era governador de Minas e ameaçou colocar a PM nas ruas para defender as empresas públicas mineiras que FHC queria vender. Itamar ganhou a parada e o curioso da história é que a procuradora que defendeu Minas nessa briga se chamava Carmem Lúcia.

Vamos acompanhar a semana na Argentina, que promete esclarecer até onde Milei vai conseguir avançar em seus planos. A greve geral na semana afetou o ânimo dos congressistas e muitas divisões dos blocos na Câmara de Deputados já surgiram, digerindo o enfraquecimento da posição do governo e, por isso, a desidratação de mais um pedaço do plano. Desta vez, o importante plano fiscal foi abandonado, incluindo a reforma das aposentadorias, o que nunca é pouca coisa e sugere cortes na carne. Se chegar no osso, acabou Milei, antes mesmo de começar.

Está claro que agora vão por três coisas.

  1. Faculdades Delegadas, para Milei ter superpoderes de decretar leis sem passar pelo congresso.
  2. Flexibilidade para negociar livremente mais dívida pública.
  3. Privatização.

A saber no que vai dar.


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