A greve desafia Milei.

Não foram multidões gigantescas e furiosas, mas sim ruas lotadas nas principais cidades argentinas que se mobilizaram ontem. Um número considerável, pacífico e consciente o suficiente para enviar suas mensagens. Um aviso para o governo e seus legisladores observarem com cuidado os próximos passos.

Foi alcançado um recorde histórico nos 40 anos de democracia argentina: uma greve em apenas 44 dias de um governo eleito, superando o feito de 2001 do ex-presidente De la Rua, que enfrentou uma greve após 75 dias de eleito, em um governo que acabou fugindo de helicóptero da Casa Rosada para escapar da multidão furiosa.

Embora os tempos sejam diferentes, os presságios para o atual governo não são promissores. A retórica belicista vai perdendo efeito, as leis que ameaçam a liberdade de reunião e protesto são ignoradas, e o congresso adia prazos cruciais para a aprovação do pacote de medidas. Na justiça, as coisas também não vão bem, com a reforma trabalhista em xeque.

Ainda não há confrontos, mas em um ambiente de inflação de 25% ao mês e sem previsão de reajuste de salários e pensões, por quanto tempo a população aguentará? Pouco tempo, pois a carestia não poupa ninguém, e mesmo que as pesquisas apontem aprovação do governo, a queda pode ocorrer dramaticamente em semanas.

É uma tristeza ver a Argentina escolher esse caminho tosco, pobre e sem remendos. Muitos alertaram sobre o erro que estavam prestes a cometer, mas mesmo assim seguiram em direção ao abismo.

Continuamos na torcida pelo povo, para que o mais breve possível consigam reverter as centenas de leis propostas pelo alucinado e, quem sabe, afastar o infeliz. Ainda é cedo, mas a necessidade urge e vai gritar.


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