
Começou com uma decisão do TCU, motivado por processos administrativos na Receita Federal e ao menos um Processo Judicial. Estamos falando da isenção de pagamento de imposto de renda por ministros religiosos, aprovado no apagar das luzes do governo anterior e na iminência da derrota eleitoral. A medida causou uma perda estimada de R$300 milhões na arrecadação do imposto.
Essa “gambiarra”, que provocou tal prejuízo, teve fim com a revogação da portaria que permitia a isenção, em uma iniciativa interna da Receita. Se essa foi a razão, tudo bem. Mas e se foi um artifício para atrair a atenção dos religiosos, no anunciado esforço do governo de se aproximar dos ariscos pastores?
Embora improvável inicialmente, parece que essa medida está, sem dúvida, aproximando o governo dos evangélicos. O Ministro Haddad propôs a formação de um grupo de estudos e participou de uma reunião presencial com representantes dos religiosos insatisfeitos. Geralmente, quando o governo não quer resolver algo ou deseja protelar indefinidamente uma decisão, ele forma um grupo de estudos. Desta vez, no entanto, parece que teremos uma solução rápida.
Ainda não sabemos qual será essa solução. O que sabemos é que a oposição bolsonarista está furiosa com a reunião dos pastores com Haddad, percebendo o perigo da aproximação.
Se tudo não passou de um bode na sala, aquela velha tradição da política nacional de piorar uma questão para depois retornar à situação anterior, sem modificações, mas com alianças renovadas, não sei. Acho que não. Mas o governo agiu rápido e pode aproveitar a oportunidade. Se o resultado final agradará às partes, veremos. Pressinto que sim.