Uma agenda.

Neste início de ano, até agora, a agenda econômica do governo referente ao ano anterior ainda está sendo finalizada, com a questão da desoneração ainda por concluir e intensas tratativas em curso. Parece que a negociação obteve sucesso, após movimentos inteligentes evitando a renovação pura e simples, que poderia ser contestada judicialmente e prejudicar a todos.

Para este ano, até onde me recordo, teríamos a segunda etapa da reforma tributária, a mais difícil, abordando imposto de renda e patrimônio. Tão desafiadora que Haddad planeja adiá-la para 2025, evitando enfrentar um ano eleitoral que costuma durar 6 meses no que diz respeito ao Congresso. No segundo semestre, os políticos abandonam tudo para se dedicar às eleições em suas bases.

Não apenas as questões econômicas são relevantes, certamente, mas foram priorizadas no primeiro ano de mandato exatamente porque não tínhamos um governo, mas sim desorganização como ideário político no comando. O exagerado Milei e suas centenas de decisões libertárias e caóticas, suprimindo o estado na Argentina, estão tentando realizar de uma só vez o que seus congêneres por aqui tentaram parceladamente. No final, o fracasso é o mesmo.

2024 será o ano de realizar, trabalhar, construir, implementar, edificar, reformar, ou seja, colocar a mão na massa e fazer acontecer o que foi planejado anteriormente.

Há movimentação das lideranças e retóricas no sentido de iniciar reuniões onde as pautas prioritárias serão discutidas. Lula promete viajar pelo Brasil este ano, certamente no esforço eleitoral para diminuir o ímpeto fascista e melhorar o desempenho dos progressistas nas prefeituras e câmaras municipais. Ele vai precisar trabalhar muito, e podemos imaginar um progresso eleitoral ainda por vir. Ganhar muitas prefeituras importantes não parece provável, mas expandir território e fortalecer a base é bem provável.

O perigo é deixar a agenda mais frouxa; como sabemos, o ócio é a oficina do inimigo, e os congressistas conservadores e seus candidatos estão meio perdidos, precisando aparecer e invocar bandeiras, na falta de hospitais lotados de doentes civis para invadir, alegando ser a epidemia uma fraude. Há muitos prefeitos eleitos assim por aí, buscando a reeleição.

Resumindo, o ano será desafiador nesse aspecto. Ao governo interessa atravessar com as ferramentas talhadas no ano passado, nas quais acredita ter o suficiente para avançar. Concordo.

É um ano para acreditar no que foi feito e monitorar para mais e maiores decisões que devem ficar para 2025. Quanto menos confusão e retrocesso conseguirmos em 2024, melhor. Um bom resultado eleitoral pavimentará o caminho posterior. Digo bom, nem ruim, péssimo, ótimo ou excelente. Bom.

Grandes decisões deverão estar nas mãos da justiça, do STF, no decorrer do ano, e irão impactar os embates futuros, tanto eleitorais quanto na agenda, especialmente ambiental. Aos poucos, os democratas consolidam espaço enquanto a agenda obscura perde rumo. Eles, como sabemos, não vão desaparecer e fazem planos para vencer em 1500 cidades nas próximas municipais. Acho que não.


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