8 de janeiro de 2022.

Foto por energepic.com em Pexels.com

Não me ocorreu estar assistindo no dia a um golpe de estado, mas sim a uma baderna semelhante com o que ocorreu no Capitólio.

A mesma fúria vazia, uma imensa frustração desnorteada, a raiva de ver o outro triunfar.

Elementos que integram um tipo de mundo sem sentido, que talvez até seja estuário de movimentos graves da história, mas nem de longe era um golpe de estado o que estávamos assistindo naquele 8 de janeiro.

Foi o desabafo das comemorações do dia da pátria anteriores, onde o ex-presidente usava a data cívica como trampolim para ameaças, ofensas e disseminação de baboseiras. Mas era ouvido, em parte, mas era ouvido.

O levante fascistoide não teve repercussão nacional; a maioria dos eleitores frustrados do capitão assistia ao quebra-quebra e permanecia em silêncio. Os grupos de apoio ao capitão não saíram às ruas, as milícias permaneceram em seus territórios, os militares em seus quartéis e pijamas. Pastores com seus rebanhos, Youtubers em suas telas e a grande maioria, que eram robôs de mídias sociais, não podiam comparecer fisicamente na hora decisiva.

E ficamos no quebra-quebra e nada mais.

Lembrei-me de quando Haddad era prefeito de São Paulo, naqueles dias dos R$0,25 de aumento de passagem. O governador era Alckmin, que retirou sua PM das ruas. O PSOL liderando a confusão; a turba encurralou a guarda municipal sozinha e abandonada na porta arrombada e incendiada da prefeitura paulista. Aquilo sim foi um golpe orquestrado e bem executado, porque sabiam o que queriam e, depois, conseguiram, quando derrubaram a Dilma.

A direita enfurecida não contava com a falsa sutileza das elites econômicas, nem da imprensa, e nem das embaixadas estrangeiras no momento da micareta descontrolada em Brasília. Foram sozinhos para a farra e ficaram sozinhos.

Amadores.

Agora, pagam na justiça. Até agora, pegaram os bagrinhos que se filmaram na confusão, um que alugou ônibus, e mais não vimos até aqui. Dizem que vem, aguardamos.

Políticos e militares, nenhum, empresários, neca, mídia zero. Juízes e promotores, nem pensar. Nada fizeram contra a democracia, suponho, talvez apenas exerceram a liberdade de expressão.

E talvez fosse isso mesmo, retórica, furiosa, mas retórica. Tentaram acender uma chama, certamente, mas ninguém quis alimentar o fogo fátuo dos amadores.

Observe Milei na Argentina e seu plano de salvação nacional, seu tudo ou nada, sua bala de prata, sua ponte para o futuro… fazendo água com 10 dias de vigência e recorrendo institucionalmente, dentro das regras, a decisões monocráticas da justiça argentina.

Há aprendizado para todos nós aí. O que eles conseguem com a gritaria e ameaças, mentiras deslavadas e gritaria, não são golpes na democracia liberal, mas eleitores, votos, deputados, senadores e presidentes.

Esgarçam os limites, mas o alvo é de dentro das instituições e no controle delas, executar planos e carreiras improváveis em outros ambientes sadios ou equilibrados.

Uma estratégia mundial, executada em tempos atuais, utilizando os novos meios de acesso às pessoas e as fragilidades delas, nossas.

Vem muito mais por aí, a vitória acachapante de Milei nos mostra que nem de longe sabemos lidar com isso. A vitória de Lula nos dá esperança de que saberemos enfrentar.

Vem Trump, mas está Biden com o apoio a genocídios. Vem a nossa eleição municipal.

A luta continua.

PS.: Saiu agora entrevista do Ministro Alexandre de Moras, onde diz que o plano da turba dia 08/01 seria enforca-lo em praça pública. Na mesma entrevista, reconhece que apenas 100 PMs seriam suficientes para afastar a ameaça.

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