
As imagens da madrugada de ontem na Argentina, e a expectativa de muitas mais nos próximos dias, nos deixam uma sensação de tristeza e alívio.
Tristeza pelos hermanos, alívio por nós.
Por muito pouco não embarcávamos novamente na canoa furada do fascista, e seria ainda pior, com o grupo dos tresloucados reeleitos.
Lá na Argentina, o maluco abriu todas as frentes de batalha simultaneamente, promete que ainda vem mais, e já enfrenta, com 10 dias de governo, a resistência nas ruas e crescendo.
Seu revogaço de leis e decretos jogou a Argentina na Idade Média, na época do nascimento dos estados modernos. Desregulamentação radical, salve-se quem puder, lei do mais forte, ou simplesmente a abolição do estado regulador.
Que nunca foi é uma maravilha, mas sim parte do processo civilizatório da humanidade, em constante evolução e aprimoramento. Milei pretende abolir a evolução e o estado moderno por decreto, nem precisa dizer o tamanho da encrenca para os vizinhos.
O que vai acontecer?
É provável uma rodada de negociação no Congresso, mas não sabemos a quantas andam os acordos de apoios por lá. Vamos descobrir agora.
Num certo sentido, alguma coisa menos radical foi tentada no governo Macri, fracassando miseravelmente.
As loucuras de Milei me lembraram Collor, a maluquice anunciada me lembrou a Zélia e seu plano de vento.
Vai acabar tudo numa enorme confusão, que parece ter iniciado precocemente.
Ao menos isso os argentinos não perderam, a indignação.
Lamentável é o fato de eleger um cretino e um programa de louco, e quando o louco começa a implementar aquilo que prometeu, aí ninguém mais quer assumir a loucura.
Que seja, antes tarde do que nunca. Futuro aquele rol de asneiras anunciadas não tem, revogar as leis não é solução para nada, modificá-las, atualizá-las, adequá-las, revogar aqui e ali, tudo bem.
Vai acabar rapidamente o teste anarco liberal da Argentina.
O que fica explícito, mais uma vez, é que a prioridade da casta nunca é o progresso, o crescimento econômico do país. Exatamente como no Brasil. Eles fazem ajustes para garantir o pagamento de seus investimentos, desonerar o estado para sobrar dinheiro para negócios privados, acumular a renda nas classes dominantes e sem fazer concessão para os pobres e necessitados. Assim conduzem seus ideais: a liberdade avança para eles, para o povo o que avança é a polícia repressora.