
A posse do novo Procurador-Geral da República (PGR) no Ministério Público Federal foi marcada pelo discurso emocionado de Lula, aparentemente por retornar como presidente eleito ao “covil de conspiradores” que o prenderam.
Seu discurso consistiu em uma crítica histórica aos PGRs anteriores, que, segundo ele, julgavam e condenavam com base em manchetes de jornais e TVs, manipulados por ondas de perseguição política de agentes públicos e mídia, agora denominados “midiafare”.
Lula denunciou uma seleção de mentiras, falácias e sinecuras, permeadas por preconceito e ódio de classe, a serviço dos piores interesses, que dominaram o Brasil até a chegada do “Messias do inferno”. E a mídia que recuou por conta do tal “Messias”, recuou do recuo e as criminosas práticas anteriores estão ressurgindo.
Apesar disso, Lula concentrou seu discurso na PGR, destacando o critério de sua escolha e objetivos: cumprir a lei sem se curvar ao presidente, à mídia ou a qualquer coisa.
Ele mencionou as práticas dos antecessores para evitar sua repetição, enfatizando o alto custo para a sociedade de ter uma PGR envolvida na luta política de classe. No entanto, os demais vícios da justiça brasileira não puderam ser abordados dentro dos limites do discurso presidencial, como a ação notória contra o povo pobre e a leniência com os ricos.
Quanto ao PIG (Partido da Imprensa Golpista), citado como autor da pressão que levou os antigos PGRs ao desastre, não há esperança de redenção. O MP em si também não pode ser salvo sem mudanças importantes e abrangentes.
Resta o Procurador Geral em si, um conservador com fama de honesto e, talvez, adaptável às exigências atuais. Seu histórico anterior não inspira confiança, mas destaca-se por ser mais discreto que a média dos demais candidatos. O que pode ter sido determinante para a sua escolha e Gonet não esqueceu de tratar do tema na sua fala, na direção conveniente.
O acerto da escolha, no entanto, só será conhecido com o tempo.