A volta dos que não foram.

No rescaldo do fim de ano, e apesar da sequência de conquistas na política e na economia, que antecipam as demais na cidadania, na educação, saúde, emprego e renda, não podemos deixar passar mais uma dessas impressões equivocadas sobre um pretendido regime semipresidencialista no Brasil. Nem em vigor, nem em andamento.

A força do Executivo é imensa, mesmo quando assumida por um líder controverso, como afirmou Lula. Desfazer e remontar um país não é tarefa trivial, como sabemos; destruir e demolir é muito mais fácil. Deixar acabar, ignorar, desprezar e dispersar, todas essas são as práticas normais que, por inércia, concentram a renda e empobrecem. Vencer a inércia e provocar mudanças dá muito mais trabalho.

Ainda mais num ambiente hostil, quando uma parte importante do Legislativo está absolutamente tomada pela loucura ou por interesses paroquiais invencíveis. Perceba, nem se fala mais da bancada da bala, da igreja e militar. Elas estão por aí, mas perdem a força quando confrontadas com exigências maiores, relevantes, abrangentes. O baixo clero e suas demandas mesquinhas são engolidos pelos grandes debates, mas estão lá, abafadas.

Eventualmente, voltam, se percebem no Executivo vacilo ou tropeços, mesmo vacilos e tropeços inventados e falsos, mordem com todos os dentes da boca, porque é assim que se alimentam.

A questão do semipresidencialismo é isso, um Executivo fraco, dominado pelas causas paroquiais, sem rumo, sem iniciativa, inerte, para que as coisas não mudem e sigam como sempre foram. É por si uma força muito grande a inércia, e quanto maior o trambolho, mais força é necessária para mover.

Foi um ano muito importante; ninguém mais que o atual governo conhece as entranhas da mecânica que sustenta o poder real, tanto aquele que promove as mudanças quanto aquele que as evita.

Negociar é a arte da grande política; quem não aceita ou não entende, no fundo, prefere que as coisas fiquem como estão. A mudança é o encargo dos incomodados.

O Brasil não corre o risco de um semipresidencialismo; ele é a prática do nosso sistema engessado, da nossa polícia assassina, dos nossos recursos roubados, do baixo salário, da maior concentração de renda do mundo, dos maiores juros do mundo.

Não chegamos a esse desastre por acaso; as forças de inércia, o aparato judicial e político sob controle, na rédea curta, qualquer desvio de conduta é cortado e consequências acontecem.

Quando um Executivo de ocasião quer agir, e resultados concretos e invencíveis começam a aparecer, o aparato reage, ameaça, faz seus planos. Qualquer vacilo nos traz de volta para a inércia, porque ele é o nosso estado natural, o de menor esforço.

Tenho dito para os filhos que aproveitem; os próximos anos serão pródigos. Talvez nosso Lula, se a saúde permitir, consiga força para seguir mais um mandato depois. E depois, o que vem ninguém sabe. O que sabemos é que depende de nós manter o país em movimento, escolhendo com inteligência nossos representantes, apoiando as boas causas de mudanças, entendendo as dificuldades em jogo.

Não é o nosso normal, entenda. Os tempos são excepcionais, e não devem ser somente apreciados e desfrutados – isso também, claro – mas sobretudo que sirvam de exemplo, do que é preciso fazer e que é possível fazer.

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