Delenda est Maceió.

Um país explorado em suas riquezas minerais, cujas entranhas são escavadas e extraídas utilizando o maior dano destrutivo existente, século após século, não deixa impune sua população exposta a toda sorte de riscos.

Não vamos recorrer à história, onde os braços indígenas e negros desempenhavam o papel de moer a pedra e as matas, enquanto eram igualmente consumidos, substituídos pelas máquinas gigantes da modernidade.

Rompedores, dinamites, explosivos, dilatadores, serras, martelos, garras, raspadores, aplainadores e muitas outras técnicas de destruição em massa, rivais de mísseis e drones kamikazes, reduzem a pó tudo o que estiver ao alcance.

A ocupação humana nunca foi um empecilho; a disposição de sugar tudo, custe o que custar, é insuperável, e raros são os casos em que tamanha fúria é contida. Normalmente, a premência econômica supera os obstáculos.

Não é o caso de fazer demagogia ignorando a necessidade de suprir a demanda mineral, indispensável à vida moderna. O que se espera é que os tratores e carregadeiras das indústrias não passem por cima das pessoas, de suas famílias, de suas casas enquanto fazem o seu trabalho.

A questão ambiental é sobretudo humana. Enquanto não podemos ignorar a indispensável necessidade de mineração, não cuidar dos crimes contra a vida humana nos processos industriais é inaceitável.

Existem regras suficientes e cuidados reconhecidos e eficazes, mas o que permanece incontrolável são a ganância e corrupção envolvidas nesses interesses.

O caso de décadas em Maceió, onde uma mina era explorada com um bairro inteiro acima dos túneis escavados, não é uma exceção. Casos assim ocorrem corriqueiramente, basta encontrar o veio do material valioso, e a exploração vai atrás sem considerar os perigos e os riscos.

E acontece o que acontece. Mariana, Maceió, e todos os dias nas minas e pedreiras do mundo todo.

A vida exige vida para seguir, sempre foi assim, e por mais modernos e cuidadosos que alguns ainda consigam promover, acidentes e tragédias continuam ocorrendo.

Seria bom dizer que isso precisa parar, mas não acredito absolutamente que vai.

Como nas guerras, a vida humana entra no cálculo do inevitável, do dano lateral, da fatalidade, da bala perdida, do erro de cálculo, do mal menor.


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