
O Diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, esteve em Vitória, onde moro, para uma palestra em um evento do Instituto Líderes do Amanhã.
Antes de Galípolo, assistimos a uma excelente apresentação do governador Casagrande, onde ele destacou seu trabalho bem-sucedido no estado do Espírito Santo e enfatizou seu constante apelo ao diálogo e união na política, combatendo os extremistas.
Até aqui, tudo bem, mas gostaria de falar sobre Galípolo.
Pessoalmente, ele me pareceu mais jovem do que realmente é, com seus 40 anos, e possui um currículo acadêmico respeitável. Demonstrou conhecimento em sua fala, simpatia, erudição e sinceridade. Não buscou justificar posições ou cenários no atual trabalho no Banco Central; ao contrário, deixou claro que uma certa perplexidade acompanha as atuais decisões dos gestores dos Bancos Centrais em todo o mundo.
O atual momento econômico mundial, pós-pandemia, desarranjo de cadeias de produção e agora guerras, sobretudo a política monetária agressiva dos EUA, desalinharam as referências centrais das políticas monetárias no mundo. Câmbio, inflação e taxa de emprego, que seriam as principais variáveis de referência, estão se comportando de maneira distinta dos manuais anteriores, e as expectativas futuras estão sem referência por causa disso.
Já discutimos bastante aqui no Blog sobre as decisões dos bancos centrais, o nosso aqui, que acompanho de perto, tem sido alvo de inúmeras críticas por manter, sem motivo aparente, as maiores taxas de juros do mundo.
Galípolo confirma minhas análises, modestamente, e diz que a previsão de duas novas quedas futuras de 0,5% nas duas próximas reuniões foi um risco que resolveram correr.
Risco, porque não têm nenhuma ideia do que vai acontecer no futuro, como se soubessem em algum momento.
Ora, estava evidente, desde sempre, que nosso Banco Central navega segundo a vontade política do momento. Antes, quando Guedes imaginou um cenário de juros baixos para forçar um dólar alto, e isso ele dizia abertamente, para que uma avalanche de investimentos externos inundasse o Brasil – o que nunca aconteceu no desgoverno que ele servia – o BC de Campos Neto baixou as taxas para pisos inéditos, provocando exatamente os resultados no câmbio desejados.
Quando a inflação ameaçou explodir os planos de reeleição do grupo mafioso que serviam, desesperadamente levaram as taxas de juros para a lua, sem nenhuma explicação para isso, além do desejo imediato de tentar reeleger seu grupo político.
Em tudo fracassaram. Após a vitória de Lula, Campos Neto insistia nas taxas estratosféricas, também sem razão técnica, sempre política. Agora, como intenção inversa, de ferir e atrapalhar o crescimento do PIB no governo que ele faz oposição. E, segundo palavras ouvidas ontem, a inflação surpreendeu e caiu muito acima das expectativas, e o dólar se comporta bem e, o maior susto, o nível de emprego e renda continuam bons e crescentes.
O que nunca foi sequer imaginado por nenhum deles no Banco Central, que agora colhem os louros de um monte de decisões aleatórias que foram tomadas.
Pois bem, o resultado de toda essa conversa é que, sem aquela briga toda no início do ano, quando Haddad, Gleisi e também o presidente Lula gritavam para que as taxas caíssem, e o BC, enquanto podia, não quis ouvir, só cedendo após as mudanças nas duas diretorias já sob indicação de Lula, o atual momento de economia ainda andando de lado estaria em situação ainda pior e, no próximo ano, aí sim, quando todas as análises convergem para um novo crescimento de 2,5% do PIB e retomada de consumo por conta de taxas de juros menores, jamais estaria acontecendo.
Quanto a Galípolo, de quem imagino como o próximo presidente do BC a ser indicado no próximo ano, substituindo o atual bolsonarista Campos Neto, confesso que fiquei com boa impressão dele, mas percebi um quadro ainda em formação, amadurecendo suas ideias e que, na minha opinião, ainda não está pronto para assumir o BC no próximo ano. Mais à frente, sim, tem toda a condição pessoal e conhecimento para qualquer função pública, mas, como disse, ainda falta amadurecer na compreensão de que o que ele representa está muito acima de algumas decisões falsamente técnicas, que deveriam tornam reais a vontade política de crescimento econômico e diminuição das desigualdades, que uma taxa de juros elevada, sem motivo nenhum, não promove quando concentra renda e empobrece o país. Falta a ele, aparentemente, uma necessária clareza de seu papel, porque se não for assim, onde estaria a diferença de uma administração do PT e uma outra qualquer?
Nesse mesmo evento, na parte da manhã, o ex-ministro bolsonarista Paulo Guedes também fez previsões otimistas para a economia brasileira nos próximos anos.
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