É necessário acompanhar o humor das pessoas e suas expectativas para modular as decisões de um governo. Isso se aplica a todos os níveis da administração, desde prefeituras até o Planalto. A população pode ser dividida em bolhas, onde uma parte vive desligada, outra parte está atenta, e uma terceira está engajada. Os números relativos de cada uma dessas bolhas têm variado, mas pouco.

Nesse sentido, as variações de opiniões seguem uma tendência, resultando em variações que são praticamente marginais ao longo do tempo, de acordo com as pesquisas.

Um exemplo recente disso é a pesquisa Quaest sobre a economia, onde os números mostram um empate entre aqueles que acreditam em melhoras e pioras na situação econômica geral no Brasil. E os números pouco tem variado ao longo do ano.

Cristina Kirchner previu que o primeiro turno das eleições na Argentina seria entre terços, e acertou; a polarização ainda não domina completamente o cenário argentino. Talvez isso ocorra porque o maior partido do país, o Peronistas, não tem uma ideologia dominante e varia ao longo da história de acordo com as tendências gerais da sociedade. Pode ser que o segundo turno, com a presença de um extremista de direita, inaugure a polarização no país vizinho, como aconteceu no Brasil, sacrificando o centro político.

A mobilidade das bolhas de opinião é pequena, e as pessoas tendem a se alimentar de informações das mesmas fontes, muitas vezes ruins, tendenciosas e mentirosas. Isso resulta em uma confirmação contínua da tendência e mantém as opiniões praticamente inalteradas.

Em certo sentido, os governos navegam um pouco às cegas, sem perceber mudanças significativas no humor das pessoas, e a convicção e experiência se tornam ferramentas indispensáveis para navegar.

Isso não significa que a comunicação perca importância; pelo contrário, sem ela, os adversários podem falar sozinhos e o desastre é certo. Em um ambiente de disputa, onde os lados trabalham para atingir seus objetivos, argumentar se torna tão importante quanto afirmar ou desmentir.

A desconstrução é mais rápida e perigosa, exigindo atenção e agilidade. Mas como parece que aprendemos a reagir, os números gerais vem e vão, praticamente estáveis.