O mundo parece estar se encaminhando para a emergência de novos protagonistas, e a Pax Americana do fim da Guerra Fria também encontra seu fim. Não que isso aconteça silenciosamente, como um pouso suave em um oásis de águas frescas. A despedida de um império não é assim.

Com centenas de bases militares espalhadas pelo mundo, dominando a cena ocidental e sustentando guerras terceirizadas contra inimigos antigos e novos, lentamente, como um enorme transatlântico ou um cargueiro abarrotado, se ajusta a um lugar em um mundo turbulento. Isso, por sua vez, é um sinal de mudança, à medida que muitas vozes começam a se fazer ouvir vindas de todas as direções.

O mundo unipolar atingiu seus limites e não é mais capaz de atender aos legítimos anseios dos povos, onde culturas distintas, com arranjos próprios, aceleram questões que só encontram ressonância na multipolaridade.

Observo que até as descobertas mais recentes da ciência não são mais resultado do trabalho individual. Cada vez mais, as respostas para os enigmas da vida só encontram caminho na ação coletiva. Da mesma forma, os países estão caminhando, com um intercâmbio crescente em todas as áreas da vida, sobrepondo culturas e, assim, formando novas.

É previsível que a velha ordem se sinta ameaçada. É previsível que lute ferozmente para manter seu status. É evidente que, ao fazer isso, atrasa e dificulta as mudanças necessárias.

Há até quem prefira destruir tudo para evitar a mudança.

Portanto, as mudanças não são um destino, não são um acontecimento fatal, apesar de vozes relevantes que afirmam isso. Elas vêm, e cada vez mais, de maneira diferente do passado, em ondas crescentes e coletivas. Se a resposta está lá fora, e acredito que sim, também não é necessário procurar no espaço; ela pode e deve estar ao nosso lado. É por aí que toda mudança começa.

Não tenha medo.