
Não tenho o hábito de ler os comunicados do Banco Central após as reuniões do Copom. A linguagem técnica parece servir mais para esconder do que explicar, e o que realmente me interessa é a repercussão e como os comunicados são acolhidos ou entendidos.
No entanto, talvez seja preciso rever essa atitude e, de fato, começar a lê-los. Enquanto me preparo para o próximo comunicado, agendado para 01 de novembro, vou acompanhando as informações da última reunião, que foi concluída ontem.
Apesar de alguns ruídos, a maioria concorda que o BC está sinalizando a intenção de manter o atual ritmo de queda de 0,5% da taxa Selic nas próximas reuniões. Haddad já havia sinalizado isso em 10 reuniões, com quedas sucessivas de 0,5%, antes mesmo do início do ciclo atual.
Eu pessoalmente defendo quedas maiores. Uma redução de 0,75% teria sido melhor ontem, e acredito que uma queda de 1,0% seria o ideal nas próximas reuniões. Gleisi reclamou das quedas a conta-gotas, e parece que é assim que o BC pretende continuar.
Embora não seja a melhor abordagem, pode ser a mais viável, e, de qualquer forma, é a direção certa para liberar o crescimento com taxas de juros de financiamento mais civilizadas, mesmo que seja a um ritmo moderado.
Considerando que 2023 deve terminar com um crescimento de 3%, e os efeitos da queda atual da Selic devem ser mais perceptíveis no próximo ano, podemos aceitar esse ritmo e preparar o país para mais investimentos no médio prazo.
Sabemos que não sairemos do inferno sem algumas dificuldades. Estamos no processo de consolidação da nova âncora fiscal, com o orçamento de 2024 em discussão e a reforma tributária a meio caminho. São iniciativas que se projetam anos à frente e exigem cautela no presente.
Embora tenhamos pressa, acredito que a pior parte em relação aos bolsonaristas no BC está ficando para trás, e no próximo ano poderemos substituí-los por pessoas comprometidas com o Brasil, o que permitirá maior ousadia.
Tenho a impressão de que um processo de desmame dos agentes financeiros sempre acompanha as quedas de juros no Brasil. Bancos e investidores vão se adaptando e reposicionando lentamente, de forma relutante. Ganhar os maiores juros do mundo sem arriscar nada é um sonho para quem investe dinheiro. O processo a conta-gotas é esse serviço, esse pedágio, um convite para uma convivência pacífica que os governos progressistas parecem obrigados a promover quando assumem o poder. É um suplício aguentar, mas dada as famosas correlações e os imensos interesses em jogo, é melhor pagar pelo erro do passado do que promover um confronto pesado no futuro.
É o que me ocorre e parece ser o que está acontecendo.
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