A delação do fim do mundo.

Segundo a mídia corporativa, em relação à Lava Jato, estamos fazendo uma revisão histórica e modificando os fatos, ignorando as confissões e os bilhões devolvidos.

Quanto aos bilhões devolvidos pelas empreiteiras, discutir a desonestidade das empreiteiras não é tarefa fácil, pois essa questão está enraizada no imaginário nacional desde os tempos de Cabral. Os recursos devolvidos representam uma mistura de culpa e compra de liberdade, o que aconteceu de fato. Já as delações são um caso à parte, pois muitas delas foram combinadas e tinham objetivos políticos traçados de antemão. Bem, tudo isso é conhecido e está em processo de desconstrução, especialmente a partir da operação Spoofing, que legalizou o acesso ao material hackeado dos celulares e computadores da equipe da Lava Jato.

Uma das delações emblemáticas da operação Lava Jato, a mais utilizada nos momentos estratégicos, especialmente entre as eleições, e sempre causando estragos enormes, foi a de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e uma figura importante no PT da época.

Palocci sucumbiu à lógica da Lava Jato, e sua delação foi uma espécie de montagem de fatos e situações relacionados aos crimes das empreiteiras, principalmente em palestras do ex-presidente Lula e nas doações para as campanhas eleitorais da época. Nada do que ele disse se mostrou válido, e posteriormente, tudo foi desmentido e negado por ele próprio.

Tudo isso nos leva ao delator de hoje, Mauro Cid, conhecido como “amarra cachorro de fascistas”.

Quem me acompanha sabe que apostei na delação de Cid e, pelo que parece, ele soltou a voz em duas longas declarações, cada uma com 10 horas de duração. Isso deve ser um recorde.

Aqui e ali, vazam ou se supõe o conteúdo dessas declarações, e imagino que, mesmo que não acertem completamente, estão na direção certa. Ainda está sob sigilo, algo raro nos dias de hoje.

Ele falou sobre joias, tratativas de golpe, cartão de vacina, financiamento das fake news, relação suspeita com jornalistas e empresas jornalísticas, depósitos de Michele, os filhos do ex-presidente, presentes desaparecidos, etc.

E é importante destacar que tudo isso já é conhecido e comprovado por outras evidências e grande parte disso é de conhecimento público, especialmente o apoio de empresas jornalísticas ao fascismo, que, aliás, continua.

Vamos aguardar o conteúdo completo da delação de Cid. Ele tenta absolver seu pai e sua esposa, e acredito que fará o mesmo com os outros militares envolvidos nas tramas. Talvez ele reserve algo para aqueles que estão na reserva, como Braga Neto, Heleno e Ramos, entre outros que trabalharam no governo derrotado. No entanto, não deve ir além disso em relação aos militares, e dizem que o governo não tem interesse em desestabilizar completamente as Forças Armadas, optando por medidas futuras, como aquelas relacionadas à restrição de candidaturas militares e ao Artigo 142 da Constituição. Hoje saiu a noticia que a defesa de Ramos e Heleno estão combinado de dizer que estavam afastados do bolsnarismo no fim do governo porque foram trocados pelo Centrão e, se não colar, vão colocar tudo na conta do Braga Neto. O que mostra o temor da dupla, e de todos os envolvidos, com as acusações de tentativa de golpe de estado.

Cid vai detonar o bolsonarismo, que em breve ressurgirá com outra roupagem.


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