
Enquanto todas as atenções estão voltadas para a delação do ex-ajudante de falcatruas, Mauro Cid, o tufão no Rio Grande do Sul e a reunião do G20 na Índia, é importante reservar algum espaço na agenda desta semana para a próxima reunião do COPOM nos dias 19 e 20 de setembro.
Uma vez que o atual presidente do BC brasileiro é alvo de muita críticas – ou herói, de acordo com a mídia nacional – torna-se crucial analisar suas decisões. É necessário retornar ao debate sobre as políticas recessivas e concentradoras de renda adotadas.
Além disso, é preciso considerar que essas políticas parecem estar fortemente ligadas a interesses políticos que não são os atuais, mas sim os do governo anterior, que foi derrotado nas urnas.
Vale a pena recordar que, no início do governo anterior, o BC brasileiro reduziu drasticamente as taxas de juros, praticando até juros negativos, com o objetivo de valorizar o câmbio e atrair investimentos estrangeiros e privatizações. Na época, a variável inflação parecia não importar, desde que se seguisse a cartilha do governo. O resultado dessa estratégia foi uma alta do dólar, conforme planejado, mas o esperado influxo de divisas e investimento estrangeiro não se concretizou. O então Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, chegou a afirmar publicamente que “agora seriam juros baixos e dólar alto” o motor do crescimento nacional. Essa estratégia falhou miseravelmente, levando a uma inflação de dois dígitos.
Mais tarde, quando a inflação se tornou um problema global devido às perturbações nas cadeias de suprimento causadas pela pandemia, o BC mudou drasticamente de rumo, novamente pelos motivos errados e sem sucesso. Enquanto outros países desenvolvidos aumentaram as taxas de juros para financiar suas dívidas públicas pós-pandemia, o Brasil manteve o discurso de combate à inflação, ocultando, na realidade, o objetivo de prejudicar o crescimento econômico e manter o governo atual em apuros fiscais.
O cenário internacional continua com juros elevados nos países desenvolvidos, com os EUA buscando atrair investimentos globais para financiar sua dívida e ganhar tempo antes das eleições. Isso afetou negativamente as bolsas de valores dos países emergentes, uma vez que investir em títulos americanos se tornou uma opção mais segura.
Diante desse contexto, a discussão sobre as taxas de juros no Brasil deve ganhar destaque na próxima semana, especialmente com o discreto aumento do PIB no segundo trimestre. O BC parece ter perdido a pouca timidez que lhe restava e pode voltar a sugerir uma redução de 0,5% na taxa, quando se espera uma queda de 0,75%.
A situação global mostra que a inflação decorrente de problemas nas cadeias de suprimento está diminuindo, e as preocupações com a produção e gargalos estão sendo superadas. Os embarques e desembarques de insumos e alimentos estão retornando aos níveis normais, reduzindo as pressões sobre os preços. Em breve, a discussão pode se voltar para a deflação, possivelmente devido a uma recessão global.
No entanto, o BC brasileiro parece não estar participando desse debate, pois suas motivações parecem estar ligadas a objetivos políticos e não apenas à política monetária. A recente nomeação de dois novos diretores aliviou um pouco a situação, já que o “inimigo interno” foi exposto e teve que ser mais flexível para manter sua posição. No entanto, ainda existe uma intenção inacreditável para manter uma postura que prejudique o crescimento econômico do Brasil.
Nos próximos meses, a discussão sobre as taxas de juros continuará sendo crucial para o Brasil. O crescimento econômico do país depende de taxas de juros justas e responsáveis, e não se pode aceitar a convivência com as mais altas taxas de juros do mundo sem um motivo válido. O desafio de enfrentar as taxas de juros de até 400% no crédito rotativo é um sinal claro de que é necessário superar os ciclos econômicos frustrados e aprender com as lições passadas. O caminho a ser percorrido é conhecido por todos, mas sua concretização permanece incerta.
Portanto, a questão essencial é se o Brasil continuará acelerando seu crescimento, o que também é fundamental para o sucesso de uma nova âncora fiscal, ou se retrocederá para um cenário adverso. A única saída viável parece ser o crescimento da economia brasileira.
Faça uma doação única, se preferir. PIX 49071890600.
Divulgue o BLOGdoBadu.
Faça uma doação mensal
Faça uma doação anual
Escolha um valor
Ou insira uma quantia personalizada
Agradecemos sua contribuição.
Agradecemos sua contribuição.
Agradecemos sua contribuição.
Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmente