No ano 2000, comecei a me envolver com grupos evangélicos, e essa experiência durou cerca de 10 anos. Foi um período importante, pois preencheu uma parte sensível e esquecida, permitindo o diálogo com a maioria das pessoas.

Não pretendo fazer um balanço completo, mas sim destacar a minha experiência pessoal diante do crescente levante fascista que tomou conta de muitos desses grupos. Quando me afastei por volta de 2010, não tinha plena consciência de para onde esse fenômeno estava levando essas pessoas. No entanto, sentia um desconforto que foi suficiente para me distanciar.

Ao olhar para trás agora, posso compreender os movimentos e discursos que conduziram muitos ao engano do fascismo, enquanto absorviam o conteúdo doutrinário autoritário e excludente dos seus líderes. Até mesmo segmentos significativos do Catolicismo, frequentemente considerados periféricos, estão hoje completamente influenciados pelo discurso fascista.

A recente pesquisa que indica uma recuperação do prestígio do governo atual, obtendo uma leve aprovação por parte dos segmentos evangélicos, deve ser celebrada. A árdua tarefa de reconstrução do Brasil envolve diversos setores, e nenhum é tão blindado como o religioso conservador. Portanto, o aumento da aprovação do governo entre esses grupos deve ser enaltecido e fortalecido.

Diz-se que as periferias foram deixadas de lado pelas esquerdas após a perseguição às Comunidades Eclesiais de Base e à doutrina da Libertação nas igrejas católicas. Houve um grande esforço por parte de papas anteriores para conter a Teologia da Libertação, e em grande medida, eles conseguiram. No seu lugar, surgiu o Movimento Carismático, que emulou as práticas das igrejas evangélicas, afastando o engajamento progressista dos fiéis e promovendo uma espiritualidade aparentemente mais elevada. O resultado foi o desastre que estamos testemunhando. Se esses grupos não foram os principais responsáveis pelo fascismo, ou mesmo se ainda não são seus maiores apoiadores, é inegável que estão entre eles.

Esta realidade persiste e será um desafio contínuo que exigirá sabedoria e diálogo para impedir o ressurgimento do fascismo.

Há progressos em curso, como demonstram as pesquisas.

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