O uso da morte na política.

A chacina no Guarujá, em resposta à morte de um policial militar, foi e está sendo defendida com muita ênfase pelo governador paulista Tarcisio, assumindo riscos significativos ao fazê-lo.

Esses riscos se tornam evidentes à medida que chegam relatos das atrocidades, e o número de mortes continua aumentando, começando com 8, chegando a 10 e agora mencionando 19 vítimas. Além disso, surgem denúncias de abusos durante a operação, que foi deflagrada para capturar o assassino do policial militar, mas até o momento não obteve sucesso nessa missão. A resposta de retaliação pode acarretar consequências graves e atrair a atenção que, até então, os crescentes índices de mortes praticadas pela PM em São Paulo durante o atual governo não haviam recebido.

Tarcisio viu nesse acontecimento uma oportunidade para reposicionar-se no bolsonarismo, onde antes enfrentava críticas. Enquanto disputa com Zema a preferência para herdar os votos do ex-presidente, ambos abusando da retórica extremista, agora têm um fato relevante para incluir em suas balanças políticas.

Apesar de a princípio imaginarmos uma chance de reafirmar seu pendor fascista e tentar ganhar mais apoio no grupo extremista, Tarcisio pode ter se precipitado e colher mais frutos amargos do que benefícios nessa tragédia. A situação caminha para uma chacina desvairada, fria e cruel, e pode deixar o governador paulista em péssima companhia pelo resto de seu medíocre mandato até aqui.

Da mediocridade à associação com assassinatos, a chacina pode chancelar Tarcisio no campo extremista e afastar definitivamente o apoio do centro político que ele tentava cativar, fingindo civilidade que agora jogou completamente fora. Mostrou sua verdadeira face e agiu como alguém despreparado para um cargo político tão importante quanto o que exerce atualmente. Uma melhor percepção dos fascistas quanto à sua posição política, mas uma debandada de apoio do centro, não esta afastada.

Ele perde mais do que ganha, e ao fazermos esse tipo de inventário macabro, precisamos encarar a dura realidade sobre nós mesmos e o gosto do eleitorado. Pode agir com crueldade, pode matar pobres, pode enfrentar bandidos ou pessoas negras e pobres, mas não pode exagerar nem deixar isso repercutir.

É um escândalo mundial, e a política assassina do governador de São Paulo entrou no radar da opinião pública da pior maneira possível.


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