O inquérito militar do 08/01.

Um dia antes do retorno dos congressistas do recesso, com a consequente retomada dos trabalhos da confusa CPMI que apura as causas do dia 08/01, somos agraciados com um inquérito militar sobre o assalto da horda fascista a Brasília.

Onde, mais uma vez, nossos militares mostram do que são capazes de fazer.

Conseguem misturar e confundir responsabilidades, citam os comandantes indicados pelo ex-presidente e seus chefes; no caso do GSI, o General Heleno, que era quem indicava, e seus homens foram mantidos na transição pelo atual Ministro da Defesa. E deu no que deu.

Mistura-se porque cita os ex-comandantes, mas não deixa de dizer que faltou por parte do governo recém empossado planejamento e prevenção, que, segundo o inquérito, seriam capazes de evitar o desastre.

Nada é dito sobre os acampamentos nas portas dos quartéis em todo o Brasil, cheios de familiares deles próprios, fartamente divulgados nas redes sociais e de conhecimento geral. Nada é dito do acampamento em Brasília, na porta do Forte Apache, onde o tal inquérito foi escrito. Nada é falado sobre as proteções anteriores e posteriores promovidas pelo exército aos alucinados, inclusive ajudando e dando fuga; nada diz efetivamente sobre os fatos do dia 08/01.

O inquérito atual segue a inspiração de outros conhecidos e elaborados pelo exército: um que atribuiu suicídio ao jornalista Herzog e outro culpando a esquerda pelo atentado ao Riocentro. Em comum a esses desatinos, o fato de ocorrerem em momentos de desarticulação e meio desespero por parte dos militares, antes nos estertores da ditadura que esvaía, agora na derrota eleitoral do partido militar e do fascismo.

O inquérito atual soma-se aos dois anteriores, na categoria da infâmia nacional.

Mas deve servir para eles, de alguma maneira. Porque não pode ser atribuído somente à desfaçatez e total desprezo à verdade. Deve servir para reorientar a tropa, avisando que não entregam os pontos e protegem os seus, o tal do Cid incluído. E fazem mais um rolo para ao mesmo tempo ameaçar e esboçar uma defesa das acusações em andamento.

Não temos mais o que dizer deles, nem o que esperar, além de inquéritos do tipo. Agora é seguir promovendo as mudanças para prevenir outras intervenções no futuro, porque é disto que tratamos. A lei que afasta da ativa militares que entrem na política é o início, provavelmente a ser votada agora em agosto. A mudança no tal artigo 142 da constituição, aquele do poder moderador, é igualmente urgente.

A cabeça e o pensamento desta turma são casos perdidos. Só a força de um bom governo civil segura estes mentirosos.


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