
O novo semestre começa praticamente como terminou o anterior. As votações previstas nas casas legislativas tratam da conclusão das votações da nova âncora fiscal, da primeira parte da reforma tributária e do voto de qualidade no COAF. Decretos do governo durante o recesso entram na pauta, alguns sobre armas e punições para ataques a autoridades e ao estado de direito, devem provocar alguma discussão ou, mais provável, promover alguma negociação e compensação. E uma nova e leva de propostas de arrecadação, via Imposto de Renda, será enviada ainda em agosto, taxando rendimentos de fundos exclusivos para super ricos e taxação de apostas esportivas. Da aprovação desse conjunto de propostas dependerá novos cortes, ou não, para cumprir o orçamento de 2023, aquele com déficit de R$ 150 bilhões e, sobretudo, zerar o déficit do ano próximo.
A entrada do centrão no governo – que não existe, segundo Lula – encaminha-se com os acordos entre o PP e os Republicanos, Lira e Igreja Universal. Até o PL do ex [presidente] está na mira, se não como um todo – impossível – ao menos uma parte, estimada em 20 deputados. Com tudo isso, o número da bancada governista saltará para mais de 370 deputados, um número inimaginável há seis meses.
No Senado, o cenário é melhor do que a previsão do ano passado. O ex-presidente tinha nos senadores um grande projeto para cercar o STF e afastar um adversário da escalada fascista. Porém, para eles, tudo deu errado. Nos próximos dias, a atual presidente da corte será substituída por Barroso, que não é nada confiável, mas gosta menos do ex-presidente do que muitos de nós. Além disso, Pachecão continua sendo governista, não importando exatamente quem governa.
Outro fato importante é a reunião do COPOM do Banco Central, agora com dois novos diretores nomeados por Lula. A reunião começa no dia 1º de agosto, e no dia seguinte, a primeira redução dos juros mais altos do mundo é aguardada. Parece que teremos uma redução de 0,5%, para uma previsão anterior de 0,25%, atropelada por seguidas quedas da inflação, inclusive do tal núcleo de onde o bolsonarista Campos Nero alimentava o seu boicote ao crescimento do Brasil. Ele perdeu o núcleo e corre o risco de perder ainda mais apoio interno no Bacen.
Fechamos o segundo trimestre com uma expectativa de crescimento do PIB em torno de 0%. O semestre teve pouco mais de 2% de crescimento, impulsionado principalmente pelo primeiro trimestre e pelo agronegócio exportador.
O setor de serviços está lentamente em recuperação, até o momento mais por um certo otimismo do que por fundamentos. Esses continuam arrastados e se recuperando lentamente, assim como a massa salarial e novos contratos de trabalho, que estão ligeiramente superiores aos atuais. Tudo está crescendo e aumentando, mas de forma lenta.
Talvez seja o máximo que se possa fazer neste processo de reorganização ainda em andamento. A reação da velha mídia em atacar tudo que aparece pela frente mostra que o caminho está sendo pavimentado, e os opositores perceberam isso. O objetivo é enfraquecer o governo antes das eleições do próximo ano, pois a movimentação do eleitorado parece estar inclinando-se para os progressistas, principalmente nas cidades médias. Nas capitais, as batalhas serão muito duras, pois o centro tentará ressurgir apoiado pela mídia, enquanto a direita e a extrema direita estão em conflito e em crise. A esquerda pode colher e, ao mesmo tempo, plantar. Seguramente, sairá melhor das próximas eleições do que entrou.
Cada assunto merecerá sua avaliação no momento adequado.
Bom segundo semestre a todos!