
Waldemar da Costa Neto, presidente do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, lidera com folga o concurso de pessoa mais faladora do momento. Aproveitando o recesso do Congresso em Brasília e após as votações que evidenciaram divisões internas em seu grupo, ele resolveu conceder diversas entrevistas.
Não é preciso destacar que o veterano político pouco acrescenta com suas longas falas; ele não sinaliza muito, revela pouco e suas ideias são rasas.
No entanto, suas entrevistas servem para ocupar espaço no noticiário, quando não há coisas melhores para reportar. Pelo menos ele tenta se aproveitar disso.
Ele comenta sobre Bolsonaro, que já não tem mais esperanças de reverter sua inelegibilidade, sobre Michele, que a cada entrevista parece mudar de cargo pretendido, e também sobre o partido, que expulsou um Deputado que fez o L.
Além de tentar aparecer, seu objetivo é segurar seu partido, que se mostrou dividido, especialmente na votação da reforma tributária, quando 20 de seus membros acompanharam o governo. Ele tenta alinhar o discurso racional, atrapalhado por um ex-presidente que insiste em teses derrotadas e parece que continuará assim.
Seria interessante se Waldemar observasse a situação na Espanha, onde o partido fascista acaba de sofrer uma pesada derrota no parlamento. A derrota foi tão grande que também arrastou outro partido de direita, o PP, que comemorava sua vitória expressiva, mas, juntos, não conseguem obter o número mínimo para governar. Agora, há um impasse por lá que ainda não se sabe como será resolvido. Talvez seja necessária a realização de novas eleições.
Os sinais de desgaste da fórmula fascista, apesar do barulho e dos riscos que representam, parecem evidentes para mim. As dificuldades enfrentadas por Trump, Bolsonaro e, depois de derrotado, o Vox na Espanha, todos com o mesmo discurso de fraude eleitoral, mostram que o eleitorado de extrema direita está se cansando.
Aqui no Brasil, aguardamos o retorno do funcionamento das Casas Legislativas, pois muitas votações importantes aguardam o fim do recesso. Então, poderemos compreender melhor os motivos de Waldemar e se seu esforço valeu a pena. No entanto, é provável que seu partido continue dividido, talvez de forma definitiva.