Campos Neto nem disfarça mais.

Uma vez que as expectativas da nossa economia estão alinhadas, como gostam de dizer os entendidos, falta ainda um ponto crucial: a taxa de juros praticada pelo Banco Central.

A cada nova rodada de índices, seguidamente declinantes, o resultado prático é que aumentamos nossa taxa real de juros, que é a diferença entre a taxa aplicada e a inflação apurada.

O resultado é a maior taxa de juros do mundo, mantida por decisão de um grupo de bolsonaristas dispostos a boicotar o crescimento do país, apoiado pelo mercado que lucra bilhões e bilhões obtidos na especulação.

R$800 bilhões, esse é o número.

Um valor dez vezes superior ao disponível para todo o investimento estatal no ano de 2023. Superior em muito a qualquer orçamento de ministérios. Praticamente metade da arrecadação de todos os impostos no Brasil.

Um número que é criminoso em todos os aspectos.

Mas há quem o defenda, embora cada vez menos. Aos poucos, a visão geral percebe o tamanho do erro, também porque começa a acreditar na melhora dos negócios.

O que restou ao governo, depois da autonomia concedida ao Banco Central pelo regime anterior, foi nomear diretores com mandatos independentes. Uma vacina deixada para evitar que uma infecção mal curada matasse o paciente. Exatamente o que está acontecendo agora. O governo nomeou dois diretores e, um deles, Galipolo, provavelmente será o futuro substituto do bolsonarista Campos Neto no fim do seu mandato no ano próximo.

E Galipolo pode e gosta de falar, tem autonomia garantida para isso, e o que ele anda dizendo, totalmente alinhado com as necessidades do país, é que os juros atuais praticados pelo Banco Central estão elevadíssimos. Eles precisam cair, liberando a âncora para o crescimento dos financiamentos.

A reação dos bolsonaristas foi tentar impedir Galipolo de expressar sua discordância e censurar o opositor interno.

Alegam a necessidade de manter as aparências, coisa que o BC perdeu há muito tempo.

Galipolo respondeu que segue seu caminho, que sabemos em direção à presidência do Banco Central. Campos Neto é o passado, que insiste em assombrar.

Em agosto, finalmente, aguardando as primeiras quedas dos juros astronômicos. Valores mínimos de 0,25% defendidos por Campos Neto, alguma coisa próxima de 0,50% ou mais, é o que será defendido pelos novos diretores.

O que vier daí, para mais ou menos, mostra a força de Campos Neto na decisão.

Mas seja qual for o resultado, ele mora no passado e será mandado para lá.


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