
Estamos todos imaginando qual será o futuro da agenda fascista agora que seu expoente máximo – único? – está fora de combate pelos próximos 8 anos.
Apesar das dúvidas comuns, não parecem ser muitas as possibilidades disponíveis para a extrema direita.
O ex-presidente e seus mais próximos seguidores reagiram de forma distinta após a decisão do TSE. Enquanto a claque acenava com a vitimização do mito, o próprio ex-presidente e seus filhos mantiveram o modelo antigo e retomaram os ataques a todos e a tudo.
A estratégia de vitimização e apelos sentimentais foi utilizada antes do julgamento no TSE. O fato de a claque continuar insistindo nessa estratégia mesmo após o julgamento mostra um certo distanciamento e sinais de que ela não funciona tão sincronizada como antes.
O ex-presidente pretende retornar ao leito principal de ataques e ofensas, pelo menos no curto prazo. Daqui a algumas semanas, outros processos graves podem obrigá-lo a submergir novamente.
Quanto à agenda da extrema direita, que inicialmente diríamos que veio para ficar, agora sabemos que ela esteve sempre presente, esperando a sua hora.
Então, essa hora não chegou e nem vai embora.
Essa pode ser a conclusão de todo o período para nós; parece que faltava reconhecer esse fato.
A novidade foi que eles falaram unidos, discursaram unidos e votaram unidos.
Quantos são eles e para onde direcionarão seus votos?
Antes da vitória do fascista, as estimativas sobre o eleitorado de extrema direita variavam de 10% a 15% do total. Números que, em uma eleição presidencial, não seriam suficientes para levar um candidato ao segundo turno. No entanto, isso não foi o que aconteceu. O eleitorado extremista cresceu, somando-se ao antipetismo, ao mercado, à direita “cheirosa” e à mídia corporativa, formando uma avalanche vitoriosa na época.
No entanto, isso provavelmente não se repetirá no curto prazo.
O conjunto vitorioso de 2018 está agora fragmentado, e assim como o fascismo, está retornando ao leito natural para recomeçar a remar e se posicionar para as disputas futuras.
Por isso, a herança dos votos é relevante. O ex-presidente praticamente não mudou seus números entre uma eleição e outra, mostrando a resiliência do grupo.
Mais adiante, é provável que eles se realinhem novamente, com a costura entre eles continuando a ser o antipetismo, mas dificilmente terão um candidato que aglutine tantos interesses nos próximos anos.
O bolsonarismo está em declínio, mas não é a única expressão da direita, é um centro onde eles se uniram contra o projeto da esquerda. E esse centro está partido.
O dia seguinte mostra exatamente isso: eles disputam o butim e cada um o faz sem atacar o passado, mas mostrando suas diferenças.
Nossa democracia não sai fortalecida, apesar do aparente vigor da reação institucional que ainda está em desenvolvimento. A extrema direita também debilitou e dispersou, facilitando o trabalho da aparente limpeza, e a direita histórica tenta herdar os cacos. Mais adiante, eles devem se unir novamente, provavelmente com a direita histórica retomando o domínio.
O ex-presidente não é um líder partidário; ele fez sua história rondando quartéis e ainda não sabemos quem usou quem. O tempo revelará o papel central dos militares na aventura fascista e que eles são parte do problema no futuro.
Mas isso é assunto para outra discussão.
Concluímos sem poder afirmar muita coisa, além do declínio do bolsonarismo e da disputa por seu legado, sem poder apontar os herdeiros.
Quanto aos progressistas, apesar da necessidade de conhecer o adversário, o mais importante é que façamos a nossa parte. Apoio crítico, sereno, confiante e esperançoso.
Vida que segue.