A mímica do Presidente.

Ontem pela quarta vez o Presidente Fernandez da Argentina visitou o Brasil. Com a ida de Lula à Argentina recentemente, 5 encontros em 6 meses de governo. Quase uma reunião por mês. Não é uma frequência normal, muito ao contrário.

Fernandez como candidato a Presidente visitou Lula no Cárcere, antes das eleições no seu país e que acabou vencendo. Um gesto que na época mostrou coragem e acabou forjando essa proximidade que desfrutam agora.

Desta vez veio negociar financiamentos, receber homenagens e vai se despedindo do cargo que anunciou não pretender disputar novamente. A grave crise no pais impeliu a não tentar uma improvável reeleição. Eu defendo a tese que os Presidentes da Pandemia não estão conseguindo reeleger, a exceção foi o invencível Erdogan na Turquia. Mas no caso de Fernandez, outros desafios surgiram.

As razões da crise por lá não me parecem estar somente na pandemia, o legado Macrista foi demasiado pesado também. Mas com a decisão de Fernandez não candidatar, acaba por zerar o jogo da eleição, jogando para os novos pretendentes as razões e as saídas da crise atual. Virando a página, Fernandez tenta facilitar o trabalho do Peronismo, seu partido.

Na Argentina temos na disputa um fascista, Milei. Até aqui com pouca chance de vitória, mas nunca se sabe ao certo.

O jogo do Peronismo e de Fernandez na escolha por tantas e frequentes reuniões com o Brasil, está claro, mas a questão é qual a posição de Lula nessa disputa pelo poder na Argentina?

Embora não se refira nenhuma vez a disputa no pais vizinho, esse tema não sai da agenda do nosso Presidente, aposto.

Praticamente todos os acordos e compromissos que junto com Fernandez tem assumido, indicam uma escolha de rumo para o futuro da Argentina na direção oposta a anunciada pelo candidato fascista Milei. Lula trabalha pesadamente para influir no pleito argentino, em silêncio, mostrando ao eleitorado de lá as vantagens que a proximidade com ele e o Brasil, podem obter.

E, na hipótese de vitória do fascismo, perder.

Vamos aguardar o candidato do Peronismo, Massa, que disputará a vaga na Presidência, e se ele também procurará proximidade e apontar para um futuro comum entre nossos países. E se a presença de Lula será explorada na sua campanha e de que forma.

Aposto que sim.


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