Público e notório.

A essa altura não há o que se falar sobre o envolvimento de Generais ou do Alto Comando das Forças Armadas, na escalada de acontecimentos que culminaram na depredação da Praça dos Três Poderes no dia 08/01.

Foi uma baderna construída através dos anos, com a participação de militares da ativa, talvez inaugurada ainda no governo Dilma com o General Mourão, afastado pela Presidenta na época por ato de indisciplina.

Mourão foi parar na chapa vencedora como vice.

Depois dele, como que destravando ou tornando público, o comportamento dos mais altos comandantes da Forças Armadas desandou, com episódios de insubordinação ao poder civil em sequência e em tom crescente.

Todos os Generais que passaram depois a compor o governo Bolsonaro ativamente, em cargo civil ou militar, em algum momento antes ou durante o período que antecedeu a vitória do miliciano, fizeram ameaças ao poder civil explicitamente, escolhendo como inimigo e alvo preferencial o PT.

Villas Boas, Heleno, Mourão, Pazzuelo, Etchegoien, Braga Neto e outros, todos Generais do Alto Comando e todos diretamente envolvidos na administração do governo Bolsonaro.

Ao todo, cerca de 9 mil militares foram trabalhar no governo do fascismo.

Que acabou em um desastre de incompetência e burrice, que conduziu o país em uma Pandemia negando a gravidade e até a existência do mal, negando vacinas para a população enquanto negociavam a preço vil a sua compra obscura.

Casos e mais casos de corrupção ainda por descobrir, mas o que já sabemos confirma a pior espectativa do estilo militar de ocultar decisões e vender por fora a solução.

Não foi a primeira vez.

Então, se chegamos aos fatos do dia 08/01, os celulares de algumas figuras intermédias mostram a familiaridade e empenho com que lidavam com a insensatez de um levante militar. Não são esses bobocas os únicos culpados e não serão eles os que deverão pagar o castigo de anos de conspiração.

Porque foi isso que fizeram, o Presidente Bolsonaro, o Alto Comando das Forças que não foi nomeado por ele, porque tem hierarquia própria, a maioria dos seus ministros civis e militares, muitos parlamentares e milhares de cretinos acampados em quartéis.

Foi isso o que aconteceu.

Não precisa de mais provas, vazamentos de celulares, delações, nada disso foi escondido, mas berrado em comícios, festas cívicas e portas de quartéis.

Em editoriais de jornais e revistas, em lives na internet, na TV aberta e na paga.

Na rua, no churrasco, na oficina, no casamento, no batismo e no buteco.

Todo mundo viu e todo mundo ouviu.

E agora eles enfiaram a viola no saco e posam de democratas, respeitáveis cidadãos, amantes da Constituição e das Leis, leais servidores da pátria.

Claro que ninguém pode acreditar em nada disso.

Mas, e daí?

Dai é o que está. Vamos até aqui comendo pelas beiradas, pegamos os patetas que filmaram a própria depredação na praça, pegamos o Cid que deixa seu celular disponível para fornecer provas, pegamos o ex-ministro da Justiça Anderson , que guarda minuta de golpe em casa.

E o genocida, que vai perder os direitos políticos porque promoveu uma reunião para difamar as eleições, as mesmas que serviram para elege-lo.

É muito pouco?

É o bastante?

É o possível?

Nao sabemos, o que sabemos é que nada está resolvido, porque uma onda fascista varre o mundo e também ronda a nossa democracia.

Podemos ser tragados, não me parece provável, reagimos a tempo, estamos na dianteira e conduzindo a recuperação do desastre que deixaram.

Temos uma trégua para encaminhar algumas iniciativas, punir o grupo que promoveu tanta instabilidade e acreditar no dia de amanhã.

Eles estarão sempre por aí.

E nós também.

O Partido Militar pode e deve ser contido, podemos começar por quarentenas e perda da farda quando se lançam em eleições, ganhando ou perdendo. Cortar as asas dos privilégios e negociar a transição para profissionalização.

Dá pra fazer.


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